Governos não devem pressionar os média contra o Iraque

A Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) alerta os governos para não utilizarem os média como instrumentos de propaganda no debate sobre a possível intervenção militar contra o Iraque, que começa a dominar a agenda informativa.

“Desde o 11 de Setembro que têm ocorrido tentativas de interferência nos média para promover a cobertura noticiosa favorável a uma acção militar contra o terrorismo”, disse Gustl Glattfelder, presidente do Comité Directivo da FEJ, que reuniu em Bruxelas, a 7 e 8 de Setembro.

“Os governos não devem pressionar indevidamente os média quanto ao debate sobre a acção militar contra o Iraque. Está em marcha um perigoso «cocktail» de intolerância e propaganda belicista que pode comprometer o jornalismo independente”, acrescentou Gustl Glattfelder.

A organização dos sindicatos de jornalistas da Europa alerta para tentativas de manipulação política dos média durante o aniversário dos atentados de 11 de Setembro.

Glattfelder lembrou que, ao longo do último ano, vários grupos racistas e de extrema-direita tentaram agitar sentimentos populares contra imigrantes ou pessoas de religiões diferentes, chegando mesmo a verificar-se casos de ataques contra algumas comunidades na Europa.

O responsável da FEJ afirmou que a situação actual exige um jornalismo de grande competência, que permita às pessoas estarem plenamente informadas quanto às consequência de uma nova campanha militar e da auto-proclamada “guerra ao terrorismo”.

“A linguagem intolerante e o oportunismo político devem ser denunciados”, disse, acrescentando que os média devem resistir a tentativas de manipulação dos governos. “Os jornalistas não precisam de ser informados por políticos sobre o que é preciso fazer e devem decidir sozinhos como desempenhar a sua missão, sem enfrentar pressões”.

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