Governo ugandês intimida jornalistas

O governo do Uganda tem usado várias tácticas para coagir e intimidar alguns órgãos de comunicação social, numa tentativa de influenciar a cobertura da campanha para as eleições presidenciais de 23 de Fevereiro, denunciou a Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

As acções legais têm sido, segundo a RSF, a forma de actuação favorita do governo do presidente Yoweri Museveni no combate aos média mais críticos, tendo o mais recente episódio ocorrido a 13 de Dezembro, com as detenções de James Tumusiime e Semujju Ibrahim Nganda, ambos do “Weekly Observer”, acusados de incitar ao sectarismo, o que lhes pode valer cinco anos de prisão.

Igual pena enfrenta Andrew Mwenda, jornalista do “Daily Monitor”, que no Verão apresentou um talk-show radiofónico sobre a morte do vice-presidente sudanês John Garang num desastre de helicóptero, situação que até levou as autoridades a encerrarem a emissora.

Consciente da importância da rádio, o governo proibiu a 23 de Novembro que todas as estações emitissem quaisquer debates ou programas sobre o julgamento marcial de Kizza Besigye, líder da oposição que estava exilado e foi preso mal chegou ao país, por forma a alegadamente garantir “o direito a um julgamento justo”.

Além da pressão judicial, a violência física também tem sido usada, como o comprova a agressão a 29 de Dezembro a Lawrence Nsereko, funcionário do “Daily Monitor”, por parte de dois membros do partido do governo que não gostaram que este removesse um cartaz de Museveni que havia sido colado numa banca onde o jornal coloca publicidade.

A RSF denuncia ainda que o governo interferiu na comunicação social através da nomeação do brigadeiro Noble Mayombo, ex-chefe da secreta militar, para presidente do conselho de administração do “New Vision” (o diário mais vendido do Uganda), e também que reforçou o seu domínio sobre o semanário tablóide “The Red Pepper” – que é muitas vezes usado para atacar a oposição – ao fornecer-lhe um financiamento de 270 milhões de xelins (125 mil euros).

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