Governo iraquiano tenta condicionar jornalistas

As autoridades iraquianas emitiram uma directiva que aconselha as organizações noticiosas a reflectir as posições governamentais nas suas reportagens, pois caso contrário poderão enfrentar acções não especificadas.

O comunicado, enviado pela Alta Comissão dos Média aos órgãos de comunicação a 11 de Novembro, mas datado de 9 de Novembro, faz ainda referência aos 60 dias de estado de emergência declarado aquando da ofensiva norte-americana contra Fallujah, iniciada na passada semana.

Solicitando aos média para que distingam entre “cidadãos inocentes de Fallujah” e “rebeldes”, a comissão adverte os jornalistas para não ligarem “descrições patrióticas a grupos de assassinos e criminosos” e insta-os a darem ao governo iraquiano “espaço informativo para esclarecer a posição do governo, o qual expressa as aspirações da maioria dos iraquianos”.

O comunicado diz ainda que os jornalistas “têm de ser precisos e objectivos a lidar com notícias e informação” e termina da seguinte forma: “Esperamos que cumpram estas regras… caso contrário seremos forçados a tomar medidas legais para garantir os interesses nacionais”.

Para o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), esta directiva é uma tentativa de controlar a cobertura noticiosa através da coerção, o que prejudica a credibilidade do governo no estabelecimento de uma sociedade democrática e livre.

Recorde-se que, em Agosto, as autoridades iraquianas encerraram as instalações da Al-Jazeera em Bagdade e impediram o trabalho dos seus jornalistas no país, após considerarem a cobertura da televisão por satélite do Qatar como contrária ao povo e ao governo do Iraque.

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