O Ministério da Informação etíope ameaçou, através de comunicados na rádio e na televisão estatais, prender líderes da Associação da Imprensa Livre Etíope (EFJA) e outros jornalistas acusados de serem porta-vozes da Coligação pela Unidade e Democracia (CUD), partido da oposição.
Segundo fontes locais do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), após a leitura dos referidos comunicados a 1 de Novembro, diversos profissionais optaram por passar à clandestinidade, com receio da acção governamental.
Entre os visados pelo comunicado do ministro Berhan Hailu estão os correspondentes locais das estações de rádio internacionais Voz da América e Deutsche Welle, assim como líderes da EFJA acusados de “desempenhar um papel chave na implementação do plano de violência” da oposição.
De acordo com agências internacionais, só esta semana já foram mortas 23 pessoas em protestos contra o governo em Addis Abeba, nos quais a oposição acusa o governo de manipular as eleições parlamentares de Maio.
A mais recente vaga de pressão governamental sobre a imprensa iniciou-se há três semanas, quando membros do comité executivo da EFJA foram interrogados pelo Departamento de Investigações Criminais em Addis Abeba, a que se seguiram diversas outras acções intimidatórias contra a classe jornalística.
A 26 de Outubro, dois homens apedrejaram Meleskachew Ameha, correspondente da Voz da América, ferindo-o na cabeça, e quatro dias depois um outro jornalista da mesma estação, Eskinder Firew, foi tirado à força de um táxi por um polícia, que lhe apreendeu o gravador e ouviu vários minutos de fita antes de o devolver, sendo depois ameaçado de morte por um civil que acompanhava o agente, caso continuasse a trabalhar para a rádio.
Por fim, a 1 de Novembro, a polícia entrou na tipografia estatal – onde é impressa a maioria dos jornais privados – e impediu a saída de pelo menos um título no dia seguinte, relataram fontes do CPJ.
Antes de todos estes incidentes, o Ministério da Informação havia revogado, a 7 de Junho, a acreditação de três repórteres da Voz da América e de dois da Deutsche Welle – impedindo-os assim de trabalhar na Etiópia –, sob a acusação de terem realizado “reportagens parciais” sobre as eleições de Maio.