Google vai deixar de censurar o seu motor de busca na China

Após ciberataques sofisticados, com origem na China, a contas Gmail, o Google anunciou que irá deixar de censurar a versão chinesa do seu motor de busca, decisão que poderá conduzir ao encerramento do google.cn e à saída da empresa do mercado chinês.

Os ataques visaram sobretudo contas Gmail de activistas dos direitos humanos, tendo o Google detectado ainda ataques contra 20 outras empresas de Internet, tecnologia e média, as quais serão avisadas do sucedido, para o caso de não se terem dado conta.

Questionados acerca do caso pelo Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), membros do Clube de Correspondentes Estrangeiros na China revelaram estar há muito cientes da vulnerabilidade das suas contas de e-mail, bem como das suas comunicações telefónicas.

Há vários anos que o Google e o Yahoo! vêm censurando os seus motores de busca na China, bloqueando resultados sobre assuntos considerados sensíveis por parte das autoridades chinesas. Também a Microsoft censura o seu Windows Live Spaces, não permitindo críticas ao governo, nem informações sobre democracia, direitos humanos, o Dalai Lama, o movimento espiritual Falun Gong e o massacre de Tiananmen.

Por esse motivo, a tomada de posição da empresa norte-americana foi saudada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e pelo CPJ, tendo o director-adjunto desta última organização, Robert Mahoney, afirmado que “a recusa do Google em continuar a censurar conteúdo é um exemplo do papel positivo que as empresas podem desempenhar para exigir que a China melhore o acesso à informação”.

Ambas as organizações aplaudiram ainda a transparência do gigante da Internet, que denunciou os ataques “não só pelas implicações de segurança e de direitos humanos que lhes estão associadas, mas também por causa do debate global sobre liberdade de expressão que encerram”, como afirmou David Drummond, vice-presidente sénior da empresa.

Recorde-se que, em 2005, o jornalista Shi Tao foi preso depois de a Yahoo! ter fornecido às autoridades chinesas informação acerca da conta pessoal de e-mail que ele usou para enviar um memorando de propaganda interna para fora do país.

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