Giuliana Sgrena relata a sua libertação no “Il Manifesto”

A jornalista italiana Giuliana Sgrena esclarece no jornal de que é correspondente, o diário “Il Manifesto”, alguns aspectos da sua libertação e presta homenagem ao agente dos serviços secretos italianos que morreu ao defendê-la.

Giuliana Sgrena, de 56 anos, conta que foi libertada voluntariamente pelos rebeldes iraquianos no dia 4 de Março, após um mês de sequestro. Quando se dirigia ao aeroporto de Bagdade, as tropas norte-americanas abriram fogo sobre o veículo em que seguia, atingindo-a num pulmão e matando o agente Nicola Calipari, que a protegeu com o próprio corpo, com uma bala na cabeça.

De acordo com a jornalista, ao ver-se sob fogo veio-lhe à memória o aviso dos seus raptores de que devia tomar cuidado, pois os americanos não a queriam de volta e tinham-se mesmo recusado a negociar a sua libertação.

Giuliana Sgrena foi libertada com os olhos vendados e recolhida por Nicola Calipari, seguindo depois com este e um motorista num automóvel rumo ao aeroporto da capital iraquiana, tendo o motorista contactado para a Embaixada e para Itália a avisar que já estavam a caminho.

Segundo a repórter, estavam a menos de um quilómetro do aeroporto quando ocorreram os disparos, tendo o motorista gritado que eram italianos. No mesmo instante, Nicola Calipari ergueu-se para a proteger e foi atingido, tendo morte imediata.

Até ao momento, as investigações ordenadas por magistrados italianos não permitem afirmar nem desmentir que as tropas norte-americanas no Iraque visavam atingir a jornalista. As conclusões finais só serão conhecidas após a audição de testemunhas oculares do ataque, de análises para averiguar a trajectória das balas e de ouvidas as conversas telefónicas tidas entre os serviços secretos e o governo italiano antes da libertação da jornalista.

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