FIJ pede inquérito das Nações Unidas a ataques de tropas dos EUA

A morte de Waleed Khaled às mãos de tropas norte-americanas levou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) a apelar ao secretário-geral das Nações Unidas, Koffi Annan, para que realize um inquérito independente aos vários casos de jornalistas mortos por forças dos EUA.

“As Nações Unidas têm, em teoria, a responsabilidade de assegurar a devida defesa da lei internacional e a protecção dos direitos das vítimas deste conflito. Chegou a altura da própria ONU avançar e exigir justiça e respeito pelos direitos humanos básicos aos países democráticos envolvidos neste conflito”, escreveu a FIJ na carta enviada a Koffi Annan.

A organização acusa o exército norte-americano de incompetência, inconsequência militar e “desrespeito cínico” pelas vidas dos jornalistas – sobretudo iraquianos – que cobrem os acontecimentos no Iraque.

Frisando que as tropas dos Estados Unidos já mataram 18 jornalistas desde a invasão do Iraque em Março de 2003, a FIJ considera “intolerável” o número de mortes por explicar, especialmente porque em alguns casos já passaram mais de dois anos sobre os incidentes.

O Instituto Internacional para a Segurança da Imprensa (INSI) também considera perturbador que se registem tantas mortes provocadas pelo exército que supostamente luta em nome de valores democráticos, e sublinha que, fora os EUA, “nenhuma das outras forças da coligação matou jornalistas”.

Com isto, a organização não pretende acusar as tropas norte-americanas de atacarem deliberadamente a imprensa, mas apenas destacar a suspeita generalizada de que o exército dos EUA não toma as precauções devidas para tentar garantir a segurança dos jornalistas.

Reconhecendo que muitos dos incidentes teriam sido inevitáveis no contexto da guerra, a FIJ levanta no entanto sérias dúvidas a diversos casos em que os jornalistas foram alvo de ataques e exige, juntamente com a Reuters, a libertação imediata de Haider Kadhem, colega de Waleed Khaled que testemunhou a sua morte, ficou ferido e foi em seguida detido pelos militares norte-americanos para interrogatórios em local desconhecido.

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