FIJ exige justiça para jornalistas mortos no Iraque

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) assinalou, a 23 de Março, o aniversário do assassinato dos primeiros jornalistas no Iraque com o lançamento de uma petição internacional, e com mais um apelo aos EUA para que esclareçam as condições em que diversos jornalistas e trabalhadores dos média foram mortos.

As primeiras vítimas foram o jornalista australiano Paul Moran, morto a 22 de Março de 2003 a norte de Bagdade, e o jornalista britânico Terry Lloyd, morto no mesmo dia nos arredores de Basora, num incidente em que desapareceram os seus colegas Fred Nérac and Hussein Osman.

Ambos os casos envolveram forças militares norte-americanas. Passado um ano, Nérac e Osman continuam desaparecidos e as circunstâncias do ocorrido por explicar.

“Os EUA devem esclarecer o que aconteceu e permitir que os seus soldados sejam interrogados”, afirma a FIJ.

Recorda-se que a FIJ marcou para 8 de Abril – aniversário do ataque norte-americano ao Hotel Palestina, em Bagdade – uma jornada internacional de luto e protesto e divulgou uma petição internacional em que se exige justiça para todos os trabalhadores dos média mortos no Iraque.

É o seguinte o texto da petição posta a circular pela FIJ:

Até agora, a “investigação” interna da tragédia do Hotel Palestina ocorrida a 8 de Abril de 2003, em que morreram dois dos nossos colegas – Taras Protsiuk e José Couso – bem como três outros incidentes em que foram mortos os jornalistas Mazen Dana, Terry Lloyd, Fred Nérac, Hussein Osman ey Tareq Ayoub, não foi realizada de forma adequada e a informação relativa às suas mortes continua secreta.

Os pormenores destes incidentes não foram fornecidos às respectivas famílias, órgãos de informação ou ao público. Trata-se de uma situação vergonhosa para uma nação que se orgulha das suas características de transparência, liberdade de informação e democracia.

O Pentágono ignorou os repetidos apelos da Federação Internacional de Jornalistas, do pessoal dos meios de comunicação e dos sindicatos de jornalistas dos Estados Unidos, bem como de outros grupos de liberdade de imprensa, para uma investigação independente e detalhada a estes trágicos eventos, tal como ignorou as propostas de formalização de protocolos para garantir a segurança dos correspondentes de guerra.

Os repórteres, câmaras e outros trabalhadores dos média que cobrem as zonas de guerra têm que estar suficientemente seguros de que as forças militares dos EUA estão a fazer tudo o que for possível para garantir a sua segurança.

A cobertura independente e pertinente das notícias sobre os conflitos militares dependem da capacidade dos jornalistas – seja qual for o órgão de informação para que trabalhem, seja qual for o seu país de origem – de evitar o perigo iminente e de trabalhar sem serem alvejados.

Nós, os abaixo-assinados, que trabalhamos ….. (escrever o nome do país e do meio de comunicação ou sindicato e dos membros da direcção) não nos esquecemos do sacrifício dos que deram as suas vidas para informar sobre a guerra no Iraque e sobre as suas consequências.

Apelamos ao Pentágono para que revele publicamente os resultados das suas próprias investigações.

Apelamos mais uma vez para uma investigação independente de todos os chamados casos de “fogo amigo” em que foram envolvidos jornalistas e as forças dos Estados Unidos.

Exigimos saber que passos, se é que existem, foram dados pelo governo dos EUA para reduzir a possibilidade de que tais tragédias, como a do Hotel Palestina, não se venham a repetir durante outros conflitos.

Estas acções são necessárias, tanto para permitir que as famílias e os colegas se despeçam dos que morreram enquanto tentavam contar a história no Iraque, como para minimizar o risco do pessoal dos meios de comunicação no futuro.

Para assinar a petição – Mandar o seu email para: robert.shaw@ifj.org (Assunto – Apoio para a petição do Iraque)

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