FIJ critica perseguição ao WikiLeaks

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) condenou a perseguição política contra o WikiLeaks e acusou os Estados Unidos de atacarem a liberdade de expressão, depois de estes terem pressionado a Amazon.com a deixar de alojar o sítio, o que resultou no seu desaparecimento da Internet a 2 de Dezembro.

Recorde-se que o WikiLeaks começou a publicar no dia 28 de Novembro comunicações secretas de embaixadas dos Estados Unidos que deram a pessoas de todo o mundo um acesso sem precedentes a informação detalhada sobre assuntos políticos, económicos e diplomáticos, muitos dos quais embaraçosos para grandes líderes mundiais.

“É inaceitável que se tente negar às pessoas o direito de saber. Estas revelações podem ser embaraçosas nos seus detalhes, mas também expõem corrupção e jogo duplo na vida pública que merecem ser escrutinados. A resposta dos Estados Unidos é desesperada e perigosa porque contraria os princípios fundamentais da liberdade de expressão e da democracia”, afirmou o secretário-geral da FIJ, Aidan White.

Embora não tenha qualquer posição oficial relativamente à divulgação de centenas de milhares de documentos internos que fizeram manchetes em todo o mundo nos últimos dias, a FIJ saudou a decisão do WikiLeaks em usar canais jornalísticos respeitados para a filtragem da informação, como o Der Spiegel, o The Guardian, o New York Times e o El Pais.

“Esta informação está a ser processada por jornalistas profissionais sérios que estão bem cientes das suas responsabilidades para com o público e para com as pessoas envolvidas nestas revelações. É simplesmente indefensável alegar, como alguns têm feito, que há vidas que estão a ser postas em risco neste caso. A única vítima aqui é a cultura de secretismo que, há demasiado tempo, tem escondido o lado desagradável da vida pública”, frisou Aidan White.

A FIJ revelou-se ainda preocupada com o bem-estar de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, forçado à clandestinidade e acusado de ofensas sexuais na Suécia, e de Bradley Manning, o soldado norte-americano que está detido por suspeita de ter passado a informação ao jornalista australiano.

Ambos têm sido alvo de uma campanha política crescente – com alguns comentadores políticos de direita a pedirem a execução de Manning e a caça a Assange como espião, como fez a ex-candidata a vice-presidente dos EUA, Sarah Palin – que mostra uma intolerância perigosa não só para os dois homens como também para todos os jornalistas envolvidos na investigação de questões públicas.

“A FIJ e os seus membros apoiam os direitos das fontes e a cobertura responsável de informação de interesse público. Esta reacção exagerada de políticos e seus aliados mostra que eles não compreenderam o significado histórico destes acontecimentos”, afirmou o secretário-geral da FIJ, acrescentando que “o direito do público à informação é algo que já não pode ser ignorado de livre vontade” e que os cultores do secretismo devem “adaptar-se ao facto de que os jornalistas têm o dever de noticiar assuntos de interesse público de forma justa e rigorosa e com o devido respeito pelos direitos de todos os envolvidos”.

O sítio de divulgação de documentos do WikiLeaks voltou entretanto a funcionar num novo endereço, sedeado na Suíça (wikileaks.ch).

Os utilizadores que acederem ao endereço wikileaks.ch são direccionados para uma página cujo URL http://213.251.145.96/ dá acesso ao antigo site.

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