FIJ contra fim da edição em papel do diário chileno “La Nación”

O encerramento da edição em papel do matutino chileno “La Nación”, determinado pelo governo de Sebastián Piñera, foi criticada pelo vice-presidente da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), Gustavo Granero, que lembrou que a medida poderá afectar o futuro laboral de 600 famílias.

As declarações de Gustavo Granero foram emitidas na passada semana em Nova Iorque, onde se deslocou para denunciar perante as Nações Unidas a situação de violência que sofrem os trabalhadores da imprensa do México e das Honduras.

“A FIJ recusa qualquer manobra que signifique reduzir as vozes que informam a população, atentando contra a segurança laboral dos trabalhadores da imprensa, em nome de postulados eficientistas que já deram mostras do seu fracasso em todo o mundo”, afirmou o também secretário-geral do sindicato de jornalistas argentino, lembrando que a comunicação social “é um bem de carácter social”.

“É dever dos Estados garantir que não haja uniformidade nem de cultura, nem de comunicação, nem de notícias, mas que haja muito mais sociedade falando e opinando através dos meios”, concluiu Granero, demonstrando o seu total apoio aos trabalhadores do “La Nación” e aos dirigentes sindicais chilenos que lutam pela preservação dos postos de trabalho e da pluralidade informativa.

Recorde-se que o encerramento do “La Nación” em papel era um desejo que Sebastián Piñera manifestara enquanto candidato, considerando que o jornal, detido em 70 por cento pelo Estado e o único diário exterior aos grandes grupos de média Copesa e El Mercurio, não passava de “uma fábrica de propaganda dos governos de turno”.

Lamentando a falta de respeito para com os trabalhadores, que não foram avisados previamente da decisão, a presidente do Sindicato da Área Jornalística do “La Nación”, Nancy Arancibia, revela-se agora preocupada com a extensão dos despedimentos previstos e com a qualidade futura da publicação na Internet, pois a redacção há muito que é alvo de censura interna, estando proibida de publicar notícias sobre corrupção, abusos e temas que envolvam conflitos com o governo.

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