Federação Latino-americana pronuncia-se sobre a Venezuela

A Federação Latino-Americana de Jornalistas (Federacion Latino-Americana de Periodistas, FELAP), emitiu uma declaração sobre os acontecimentos na Venezuela, onde lamenta a morte do jornalista Jorge Tortosa e rejeita as informações surgidas inicialmente, de acordo com as quais este teria sido morto por apoiantes do Presidente Hugo Chávez.

A declaração, assinada pelo presidente do Comité Executivo da FELAP, Luís Suarez, foi divulgada a 15 de Abril. A Federação Latino-Americana de Jornalistas congratula-se com o restabelecimento da ordem constitucional e apela aos jornalistas da Venezuela para que defendam os seus direitos laborais e a liberdade de informação.

O texto integral da declaração (traduzida do castelhano)

Nos acontecimentos na Venezuela, que interromperam, durante um curto espaço de tempo, a ordem constitucional neste país, uma vez mais os jornalistas deram a sua quota de sangue no cumprimento do dever. Nas manifestações que decorreram em Caracas, no passado dia 11 de Abril – precisamente quando, no México, celebrámos o Dia do Jornalista Latino-Americano -, uma de inspiração golpista, exigindo o derrube do Presidente Hugo Chávez, outra de apoio ao regime constitucional que este encabeça, foi morto o colega Jorge Tortosa e ficaram feridos os jornalistas Jonathan Fleitas e Luís A Hernandez, entre um número indeterminado de pessoas, supostamente atingidas por franco-atiradores.

A Federação Latino-Americana de Jornalistas (FELAP), à qual pertencem o Colégio de Jornalistas e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa da Venezuela, lamenta e condena energicamente esses acontecimentos sangrentos, independentemente de quem possam ter sido os seus executantes e inspiradores. Parece, no entanto, ser pelo menos precipitado atribuí-los, sem provas, a supostos defensores do presidente constitucional, que era vítima de um golpe de Estado.

É também de lamentar que os principais meios de comunicação venezuelanos tenham silenciado a reacção popular que, desde o primeiro momento, se manifestou nas ruas e em torno do Palácio de Miraflores, em apoio ao regime legal, que precisamente vinha garantindo a liberdade de Imprensa que aqueles jornalistas exerciam. Pelo contrário, eram difundidos ataques e críticas da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP), quando nenhum meio de comunicação havia sido fechado nem nenhum jornalista perseguido ou detido.

Certamente, no campo jornalístico, ocorreram e permanecem, controvérsias entre adversários e partidários do Governo constitucional, dada a filiação diferente de um sector dos jornalistas, própria dos cidadãos que vivem em pluralidade política. A composição da FELAP baseia-se nessa mesma variedade, onde a pluralidade das organizações e membros que a integram se encontram na plataforma comum do exercício do jornalismo com responsabilidade social e compromisso na defesa da soberania, dentro das leis do seu país, da sua própria organização, da garantia dos direitos laborais e da sua integridade ética e física.

No caso da Venezuela, as informações mais recentes parecem indicar que os disparos incontrolados e indiscriminados que causaram estas vítimas, entre as quais se contam os nossos colegas, deveram-se a uma provocação tendente a criar condições dolorosas e caóticas que favorecessem a ruptura da ordem constitucional, no que seria um golpe de Estado, baseado na renúncia forçada e fracassada do Presidente da República.

A FELAP congratula-se com o restabelecimento da ordem legal que possa garantir o exercício da liberdade de imprensa e o trabalho dos jornalistas, colocados em perigo por golpistas, cuja primeira acção, posteriormente frustrada, foi decretar a dissolução dos órgãos e instâncias constitucionais. Seguindo a palavra do presidente Chávez, que promete rejeitar qualquer revanchismo, confia em que a liberdade de Imprensa se sobreponha a qualquer discrepância e exorta os companheiros e afiliados venezuelanos a coincidir na defesa dos direitos laborais e da informação veraz, independentemente das suas posições políticas individuais, no respeito pela lei, dos interesses soberanos da nação bolivariana e da integração latino-americana.

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