EUA consideram “apropriado” assassinato de técnico da Reuters

O inquérito militar norte-americano à morte de Waleed Khaled, técnico de som da Reuters morto a tiro a 28 de Agosto, concluiu que a acção dos soldados dos Estados Unidos foi “apropriada”.

“O carro aproximou-se a uma velocidade elevada e teve actividades suspeitas. Pendurado numa das janelas estava um indivíduo com o que parecia ser uma arma. O veículo parou e fez imediatamente marcha-atrás. Nova actividade suspeita. [Por isso,] os nossos soldados no local seguiram as regras e decidiram que era adequado disparar sobre o veículo. Em resultado disso, o condutor foi morto e o passageiro ficou ferido por estilhaços de vidro”, afirmou o Major-General Rick Lynch.

A “arma” que seguia a bordo do veículo seria possivelmente a câmara de vídeo de Haider Khadem, operador de câmara da Reuters que estava no local com Waleed Khaled e que, além dos ferimentos sofridos, foi detido durante três dias pelas tropas norte-americanas.

Lamentando a perda de vidas humanas, o oficial norte-americano disse ainda que o veículo em que os trabalhadores da Reuters seguiam era antigo e semelhante a outros que os soldados já viram ser usados como bombas suicidas, e como lá dentro seguiam dois iraquianos tornou-se mais suspeito, pelo que “os soldados tomaram as medidas apropriadas”.

Todas estas justificações foram rejeitadas pelo editor global da Reuters, David Schlesinger, para quem “é repugnante a ideia de que se pode justificar o assassinato de um jornalista profissional que está a cumprir o seu dever”.

O responsável da Reuters exigiu aos militares que tornassem públicos os resultados do inquérito o mais depressa possível, para que a agência possa responder plenamente aos mesmos.

Waleed Khaled tinha 35 anos, trabalhava para a Reuters há dois anos, sendo um elemento chave da equipa noticiosa da agência em Bagdade, e deixou uma mulher grávida de quatro meses e uma filha de sete anos.

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