Alegados agentes da autoridade chineses agrediram na passada semana uma equipa da televisão pública belga VRT, liderada pelo jornalista Tom van de Weghe, quando esta tentava filmar uma reportagem sobre a crise de sida na região de Shanqui, província de Henan.
Aproveitando as regras que autorizam repórteres estrangeiros a entrevistar cidadãos chineses, a equipa belga marcou encontros com organizações não governamentais que tomam conta de “órfãos da sida”, numa região que conta com cerca de um milhão de infectados, na sua maioria pessoas que tentaram vender o próprio sangue.
À chegada dos jornalistas ao local combinado, os funcionários das ONG estavam formalmente proibidos de prestar declarações e o director de um orfanato que a equipa de reportagem ia visitar tinha sido colocado sob prisão domiciliária.
Ainda assim, houve quem se arriscasse a colaborar com os repórteres e, depois de uma entrevista a um paciente com sida, a equipa belga foi parada na estrada e dez homens cercaram o veículo, exigindo a entrega da cassete da entrevista e levando ainda dez cassetes vazias.
Alegando serem a lei em Henan, os homens chegaram mesmo a agredir Tom van de Weghe na cabeça, o seu operador de câmara no rosto e o seu assistente no peito, tendo revolvido a bagagem e roubado dinheiro e equipamento fotográfico. Em seguida, ordenaram ao motorista que levasse a equipa da VRT para o aeroporto, onde apanharam um voo para Pequim.
“As autoridades chinesas têm de investigar estes incidentes e garantir que os responsáveis serão levados perante a justiça”, exigiu o secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), Aidan White, condenando o incidente.