O jornal “Daily News”, particularmente crítico do presidente Robert Mugabe e do seu governo, foi encerrado pela polícia a 12 de Setembro. A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e outras organizações internacionais condenaram de imediato mais este atentado à liberdade de informação no Zimbabué.

A FIJ e a Associação de Jornalistas da África Austral (SAJA) repudiam a lei que levou ao encerramento da publicação, designada por Access to Information and Protection of Privacy Act (AIPPA).

A lei impõe um exigente registo e processo de licenciamento para todos os jornais e jornalistas do país, requerendo mesmo que estes prestem informação exaustiva acerca das suas famílias.

O processo de licenciamento é renovado anualmente, o que levanta preocupações sobre as restrições políticas que o sistema possa introduzir e, para a SAJA, trata-se de um esforço das autoridades do Zimbabwe para calar as vozes independentes do país.

A 12 de Setembro, um dia após o jornal ter sido informado de que teria de se registar na Comissão de Informação e Média, o que prometera fazer, cerca de uma vintena de agentes da polícia entraram armados nas instalações do jornal em Harare, dando ordens para que todos os jornalistas abandonassem o local.

Há nove meses, o ministro da Informação do Zimbabué, Jonathan Moyo, acusou o “Daily News” de estar a “gozar com a lei”, mas os editores argumentaram que fora a tutela que se recusara a acreditar os jornalistas do diário.

No âmbito desta lei, que Robert Mugabe assinou em Março de 2002, já foram proferidas acusações contra mais de doze jornalistas, entre eles diversos repórteres do “Daily News” e um correspondente do jornal britânico “The Guardian”, Andrew Meldrum, que foi depois deportado.

Além da FIJ, também o Comité para a Protecção dos Jornalistas considerou este encerramento uma afronta aos jornalistas que todos os dias fazem o jornal e aos leitores do diário, que confiam nas suas informações para saber o que realmente se passa no país. O “Daily News” é considerado o último jornal independente existente no Zimbabué.

Por seu turno, a RSF vê este encerramento como uma tentativa de silenciar o “Daily News” e relembra que o Zimbabué é o país da África Austral que mais viola a liberdade de imprensa.