E-mail de jornalista argentino espiado durante dois meses

As mensagens que o repórter argentino Daniel Santoro, do jornal “Clarín”, trocou ao longo de dois meses por e-mail com o juiz Daniel Rafecas, acerca de um caso de narcotráfico, foram roubadas electronicamente e entregues ao advogado de um dos arguidos.

As mensagens mais antigas que chegaram à posse de Juan Manuel Ubeira – o causídico de dois cidadãos sérvios que são acusados de contrabandear 171kg de cocaína para a Europa – datam de 1 de Março, quatro dias antes do “Clarín” ter publicado a primeira história de Daniel Santoro acerca do caso “Viñas Blancas”.

Surpreso por ver os seus e-mails chegarem às mãos do advogado de um dos arguidos, o jornalista, em declarações à Repórteres Sem Fronteiras (RSF), revelou-se ainda preocupado com o facto de ter sido espiado durante dois meses.

Segundo o jornalista, o sistema informático do “Clarín” é complexo, pelo que foram empregues recursos tecnológicos e financeiros significativos para levar a cabo a devassa, tudo com o provável objectivo de desacreditar o magistrado e sabotar a investigação judicial.

Entretanto, o procurador Carlos Stornelli solicitou ao juiz Guillermo Montenegro que apurasse se houve uma violação da lei da privacidade da correspondência, o que poderá implicar a abertura de um precedente, dado que até agora esta apenas se tem aplicado à correspondência postal.

Com o apoio do “Clarín”, Daniel Santoro entregou ainda uma queixa alegando violação da confidencialidade das fontes jornalísticas, a qual é constitucionalmente reconhecida na Argentina desde 1994.

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