Currículo de José Carlos Vasconcelos

JOSÉ CARLOS DE VASCONCELOS é director do JL, jornal de letras, artes e ideias, e coordenador editorial da revista VISÃO; presidente do Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas e da assembleia geral do Clube de Jornalistas; membro do Conselho Geral da Fundação Calouste Gulbenkian e do Conselho de Opinião da RTP.

Nasceu em Freamunde, a 10 de Setembro de 1940, mas viveu e estudou (ensino primário e liceal) na Póvoa de Varzim, onde começou a colaborar muito novo no semanário local o comércio, onde dirigiu também uma página literária, como aconteceu noutro semanário, de Espozende, o fangueiro. Ainda na Póvoa começou a ter também intensa actividade de intervenção cultural.

Foi depois para Coimbra, onde se licenciou em Direito e foi destacado dirigente associativo, na primeira metade da década de 60, em que os estudantes portugueses tiveram papel importante na luta contra a ditadura. Assim, foi, designadamente, presidente da Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra (a maior associação de estudantes do país), membro do Secretariado Nacional dos Estudantes Portugueses (ilegal), chefe de redacção da Via Latina, orgão da AAC e depois dos «estudantes portugueses», dirigente e actor do teatro universitário (TEUC). Também chefiou a redacção da revista cultural Vértice, pertenceuà direcção do Cine-Clube, etc.

Já licenciado, e colaborando em vários jornais e revistas, veio, em 1966, para a redacção do Diário de Lisboa, onde trabalhou até 1971, advogando em simultâneo. A partir daquela data, dada a evolução daquele vespertino e a manutenção da censura, passou a exercer apenas a advocacia, embora continuando a colaborar na imprensa e com o Sindicato, sendo o seu árbitro na discussão do Contrato Colectivo de Trabalho, em 1973, em que os jornalistas, num ‘caso’ único durante todo o regime corporativo, conseguiram o aumento que pretendiam, de 100% (esta decisão, porém, quando se deu o 25 de Abril ainda não tinha sido «homologada» pelo Ministério das Corporações). Como advogado, defendeu numerosos democratas nos tribunais especiais da ditadura, assim como jornalistas e intelectuais acusados de «crimes de abuso de liberdade de imprensa». Participou em múltiplas iniciativas da Oposição Democrática.

Após a Revolução do 25 de Abril, regressou ao jornalismo, como director-adjunto do Diário de Notícias, então o jornal português de maior expansão, donde saiu após o 11 de Março de 75, por solidariedade com o director, José Ribeiro dos Santos, que estava previsto substituir como director, cargo de que por doença JRS se iria afastar. Exerceu ainda, por pouco tempo, funções de direcção na Informação da Rádio Televisão Portuguesa (RTP), onde fez, logo em 1974, e com Fernando Assis Pacheco, o programa «Escrever é lutar». Desde essa época tem sido, durante longos períodos, comentador político da mesma RTP e colaborado em alguns programas.

Em Maio de 1975 foi um dos fundadores, com outros jornalistas, da Projornal e do semanário O Jornal, que durante alguma anos foi o de maior expansão, semanário que dirigiu entre 1977 e 1985, ano em que deixou este cargo para ser candidato a deputado. Foi director editorial da Projornal (a cujo conselho de administração transitoriamente aceitou presidir, quando se transformou em sociedade anónima), Projornal que lançou numerosas publicações (Sete, JL, Jornal da Educação, História, etc.), uma editora e outras iniciativas. Foi também a Projornal que fundou, com a cooperativa TSF, a TSF-Rádio Jornal, em que igualmente colaborou.

A nível sindical foi, além do mais, antes do 25 de Abril, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa (que esteve na base do lançamento da lista democrática que marcou uma grande mudança no Sindicato e lhe deu um novo impulso), e membro do Conselho Técnico e de Disciplina, e, depois de 1974, presidente da Assembleia Geral. Foi ainda, a outro nível, presidente da Associação Ibérica de Imprensa Privada (AIPI).

Na área política, após o 25 de Abril, pertenceu ás Comissões Políticas das candidaturas à Presidância da República do general Ramalho Eanes, assim como às Comissões de Honra das candidaturas de Jorge Sampaio. Nunca tendo tido, nem antes nem depois, filiação partidária, nem aceite qualquer cargo público ou político, foi um dos principais fundadores e dirigente do PRD, deputado e vice-presidente do seu grupo parlamentar, abandonando depois o partido por entender que se afastara dos seus princípios e objectivos, que visavam o aprofundamento, a renovação e consolidação, com mais ética e participação dos cidadãos, do regime democrático português, num momento em que atravessava um período particularmente difícil.

Ainda como deputado foi presidente da Comissão Inter-Parlamentar Luso-Brasileira. Mais recentemente pertenceu à Comissão Coordenadora dos Estados Gerais para uma Nova Maioria e à Comissão de Honra das Comemorações dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil. E foi, desde a sua criação, no I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares, até à sua extinção, num governo de Cavaco Silva, membro da Comissão do Livro Negro sobre o Regime Fascista e Instaladora do Museu da República e da Resistência, no âmbito da Presidência do Conselho de Ministros.

Tem sete livros publicados, seis de poemas (o último já em Novembro de 2001, após 25 anos sem editar) e um sobre liberdade de imprensa. Durante muitos anos, sobretudo antes do 25 de Abril, participou em sessões do então chamado «canto livre», com José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e Francisco Fanhais, entre outros, e fez numerosos recitais de poesia, umas vezes só, outras com o grande criador e guitarrista Carlos Paredes.

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