CPJ e RSF escrevem cartas de protesto a Donald Rumsfeld

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a União Europeia condenaram hoje os ataques contra jornalistas em Bagdade por forças americanas, tendo as duas organizações de defesa dos jornalistas enviado cartas de protesto ao secretário de Estado norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld.

O CPJ exigiu um inquérito exaustivo a estes ataques, cujos resultados terão de ser divulgados publicamente. A organização considera que o disparo de um míssil contra as instalações da Al-Jazeera “levanta questões quanto ao facto de o edifício ter sido deliberadamente atingido”, mesmo assumindo que se situa numa zona onde decorriam combates.

O presidente do CPJ, Joel Simon, lembrou a Rumsfeld que os jornalistas estão protegidos pela lei internacional e não podem ser alvejados deliberadamente.

A RSF acusou hoje os Estados Unidos de terem atacado deliberadamente os jornalistas sediados no Hotel Palestina e o escritório da Al-Jazeera, em Bagdade, para dissuadir os média de continuarem a cobrir os combates na capital do Iraque.

Numa carta enviada ao secretário de Estado norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld, a RSF afirma que cabe aos Estados Unidos provar que não alvejou deliberadamente jornalistas.

“Num só dia, três jornalistas foram mortos pelo exército norte-americano em Bagdade”, lê-se no documento. A RSF afirma que as imagens captadas pela televisão francesa France 3 e diversos testemunhos no local provam que a situação era calma, antes do blindado atirar sobre o Hotel Palestina, refutando a tese do Pentágono, de acordo com a qual os disparos foram um acto de legítima defesa.

Na carta, o secretário-geral da organização, Robert Ménard, exprime a sua inquietação perante a posição cada vez mais dura do comando norte-americano face aos jornalistas, nomeadamente os que não estão incorporados em unidades militares.

A RSF também condenou o bombardeamento americano das instalações da Al Jazeera e da Abu Dhabi TV em Bagdade. A organização exigiu ao comandante militar norte-americano no Golfo, general Tommy Franks, um inquérito imediato a este ataque, lembrando que a estação do Qatar informara a coligação da posição dos seus jornalistas e profissionais no terreno. No mesmo ataque aéreo, os americanos alvejaram a estação iraquiana Shabad, que ficou algum tempo sem emitir.

A Al-Jazeera acusou os norte-americanos de terem alvejado deliberadamente profissionais da estação por três vezes, desde 29 de Março.

A presidência grega da União Europeia exprimiu hoje a sua “grande tristeza” pelos acontecimentos ocorridos no Hotel Palestina e vai pedir às partes envolvidas no conflito para respeitarem a segurança dos jornalistas que se encontram no Iraque.

O porta-voz do governo de Atenas, Christos Potopappas, disse que a União Europeia está disponível para qualquer acção de protecção dos jornalistas que lhe seja solicitada, nomeadamente a respectiva evacuação.

O governo português e o governo espanhol apelaram hoje aos jornalistas dos seus países para abandonarem o Iraque.

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