CPJ cria índice de impunidade pela morte de jornalistas

Democracias como a Colômbia, a Índia, a Rússia ou as Filipinas figuram entre os países em que mais assassinatos de jornalistas ficam por resolver, revela o Índice de Impunidade criado pelo Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ).

O estudo, que surge no âmbito da Campanha Global Contra a Impunidade que o CPJ lançou em Novembro de 2007, analisou o plano internacional entre 1998 e 2007 e considerou não solucionados os assassinatos de jornalistas em que não houve acusados, listando os países com cinco ou mais situações.

De acordo com o CPJ, dos 13 países incluídos no “Index”, os recordistas da impunidade estão o Iraque, a Serra Leoa e a Somália, em que se registam situações de conflito, mas também lá figuram democracias como o México, que vive em paz mas onde os governos falham na protecção dos jornalistas.

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, 3 de Maio, o CPJ divulgou que os territórios onde a impunidade domina são o Iraque (com 79 casos por resolver num universo de 28 milhões de habitantes), a Serra Leoa (com nove episódios num total populacional de cinco milhões e meio) e a Somália (com cinco casos em 8,2 milhões de pessoas).

Seguem-se países como a Colômbia (20 em 45,6 milhões de habitantes), as Filipinas (24 em 83,1 milhões de habitantes) e a Rússia (14 em 143,1 milhões de habitantes), figurando ainda na lista o Sri Lanka, o Afeganistão, o Nepal, o México, o Bangladesh, o Paquistão e a Índia (em último com cinco casos entre 1.094,6 milhões de habitantes).

Numa análise do Índice de Impunidade, o CPJ destaca que a maior parte dos países do ranking, além de serem democracias em tempo de paz, têm em funcionamento instituições judiciárias, o que torna mais grave o facto de os jornalistas serem mortos devido ao seu trabalho e ninguém ser inculpado.

E, em relação aos territórios em guerra, no Iraque a larga maioria de mortes de repórteres são homicídios, não resultando directamente do conflito. Aliás, a tabela não inclui jornalistas mortos no “fogo cruzado” nem durante a cobertura de manifestações de rua.

A entidade de defesa da liberdade de imprensa assinala ainda que o Sul da Ásia é particularmente afectado, pois quase metade da lista é composta por países desta região, e faz notar que os jornalistas a trabalhar nas suas pátrias estão mais vulneráveis.

Para Joel Simon, director-executivo do CPJ, de cada vez que um jornalista é morto e o assassino continua a circular livremente, é enviado um terrível sinal para a imprensa e um sinal positivo para aqueles que visam agredir os jornalistas.

“Os governos dos países da lista devem esforçar-se mais para mostrar o seu real compromisso para com a liberdade de imprensa. A conversa, por si só, não salva a vida dos jornalistas. É preciso agir, procedendo a investigações e a perseguições vigorosas de todos os assassinos de jornalistas”, defendeu Joel Simon.

A pesquisa do CPJ permitiu ainda concluir que mais de mais de 70 por cento dos assassinatos de jornalistas se devem ao exercício da profissão.

Em www.cpj.org/deadly o Comité para a Protecção dos Jornalistas actualiza permanentemente uma base de dados sobre os jornalistas mortos devido ao seu trabalho e as circunstâncias em que tal ocorreu.

Segundo o CPJ, só em 2007, 65 jornalistas foram assassinados devido à profissão que escolheram, sendo este o número mais elevado desde 1994.

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