China cria “lista negra” de jornalistas

A Direcção-Geral de Imprensa e Publicações, entidade que controla a comunicação social na China, anunciou que irá “criar uma base de dados dos jornalistas com um registo negativo”, uma ideia contestada pelo Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), que considera preocupante a criação de uma “lista negra”.

Segundo informações oficiais, a base de dados visa “fortalecer a supervisão e serviço aos jornalistas de modo a proteger os seus direitos e interesses” e faz parte de um plano mais amplo, que inclui o início da emissão de carteiras profissionais – cujo processo se iniciará a 25 de Fevereiro e que deverá estar em vigor no mês de Junho.

Estas novas regras entram em vigor após ter sido anunciado a 6 de Fevereiro que os jornalistas de Hong Kong e Macau necessitavam de um passe de imprensa do governo de Pequim e de ter o consentimento dos entrevistados antes de poderem efectuar qualquer reportagem na China continental, o que representa um retrocesso face às regras olímpicas.

“Alarma-nos que qualquer governo tente decidir quem é ‘bom’ ou ‘mau’ jornalista”, afirmou Bob Dietz, coordenador do CPJ para a Ásia, sublinhando que no caso chinês as preocupações são maiores porque “após os Jogos Olímpicos, os média na China têm estado mais limitados” e porque no Império do Meio “as listas negras de jornalistas têm uma longa história”.

Referindo alguns casos recentes, o CPJ reconhece que a existência de repórteres corruptos é um problema grave no panorama mediático chinês, mas também não deixa de lembrar que jornalistas honestos que publicam notícias críticas do governo são muitas vezes silenciados pelas autoridades através de acusações de corrupção.

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