Campanha da FIJ contra impunidade no assassinato de jornalistas

O Congresso Mundial da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), em Moscovo, lançou em sessão especial uma campanha global contra a impunidade no assassinato de jornalistas e profissionais dos média. Nos últimos dez anos, só os carrascos de 27 dos mais de mil jornalistas mortos em todo o mundo foram condenados.

“Estas mortes são mais do que meras estatísticas, são os nossos amigos e colegas que dedicaram as vidas e pagaram o preço máximo por esta grande carreira que é o jornalismo”, afirmou o presidente da FIJ, Christopher Warren, acrescentando que, além de prestar um tributo aos colegas mortos, a organização pretende “liderar a luta por justiça”.

Por seu turno, o secretário-geral da FIJ, Aidan White, acusou a “vontade política dos governantes” de ser a principal responsável pela impunidade que grassa nestes casos. Opinião similar tem Miklos Haraszti, representante da Liberdade de Imprensa da OSCE, que identificou a indiferença governamental como uma das causas chave para as mortes de profissionais da comunicação.

O responsável da OSCE afirmou ainda que “só há uma coisa pior do que a intimidação, a violência e o assassinato de jornalistas e isso é a tolerância governamental para com a intimidação, a violência e o assassinato de jornalistas”, relembrando que Hrant Dink, Anna Politkovskaya e Ali Husenov foram todos sujeitos a julgamentos antes de serem assassinados.

Criação de um comité de vítimas

Com vista a minorar os impactos esquecidos associados à morte de um jornalista, a FIJ apelou à criação de um comité de vítimas dos média, uma estrutura composta por familiares de profissionais mortos em serviço cujo objectivo seria pressionar para que se fizesse justiça.

Durante a sessão também houve intervenções nesse sentido de Myroslava Gongadze e de Dima Tahboub, as viúvas do jornalista de investigação ucraniano Georgy Gongadze e do repórter da Al Jazeera Tareq Ayyoub, respectivamente.

Esta última citou mesmo o arcebispo Desmond Tutu na declaração vídeo que preparou para o Congresso, dizendo que “se somos neutrais em tempos de injustiça, então escolhemos o lado do opressor”.

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