Brasil quer expulsar correspondente do “The New York Times”

O Ministério da Justiça brasileiro suspendeu o visto de permanência no país do jornalista Larry Rohter, correspondente do diário norte-americano “The New York Times”, acusando-o de ter lesado a imagem do país através de uma reportagem ofensiva para a honra do Presidente Lula da Silva.

A reportagem, intitulada “O hábito de beber do presidente brasileiro torna-se uma preocupação nacional”, foi publicada na edição de 9 de Maio do “The New York Times” e mereceu o protesto imediato do embaixador brasileiro nos Estados Unidos, que lamentou que o jornal tenha dado crédito a “uma história tão ofensiva e totalmente infundada”.

O anúncio de expulsão de Larry Rohter originou os protestos da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ).

Já a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) do Brasil considera que a medida não combina com a tradição democrática do Brasil, embora acredite que o artigo publicado pelo “The New York Times” faz parte de uma campanha difamatória contra o Presidente brasileiro, na sequência da vitória do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra diversos aspectos da política norte-americana.

Solicitando ao governo brasileiro que reconsidere a ameaça, a FIJ afirma que a expulsão constituiria “uma reacção exagerada”, uma vez que este é um assunto que diz respeito à honra do Presidente, e que pode ser resolvido através de meios legais, como o uso do direito de resposta.

Também o CPJ considera que a reacção do governo deveria ter sido mais comedida, uma vez que Lula é uma figura pública e deve esperar e tolerar as críticas da imprensa, tanto acerca das suas políticas como da sua conduta pessoal.

Por seu lado, a RSF sugeriu “sensatez” às autoridades, pois esta “medida autoritária” é “indigna de um regime democrático” e pode causar um prejuízo maior à imagem de Lula no exterior do que o próprio conteúdo do artigo, o qual, a constituir difamação, deve ser julgado nos tribunais.

Além destas organizações internacionais e da Fenaj, também a Associação de Correspondentes Estrangeiros (ACE) de São Paulo se pronunciou acerca da suspensão do visto de Larry Rohter anunciada pelo Ministério da Justiça brasileiro.

A ACE vê esta decisão do governo brasileiro como um “caso de censura e perseguição política”, e adianta que “haverá uma reacção muito negativa entre os correspondentes e no estrangeiro”, estando já a planear manifestações de protesto em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Partilhe