Ataques norte-americanos matam três jornalistas

Os ataques ao Hotel Palestina, onde se encontram os média internacionais, e às instalações da Al-Jazeera, em Bagdade, causaram a morte a três jornalistas, elevando para 12 o total de profissionais dos média que perderam a vida na Guerra do Iraque.

Dois repórteres de imagem, Jose Couso, da estação espanhola de televisão Telecinco, e Taras Protsyuk, da agência Reuters, não resistiram aos ferimentos provocados pelo “rocket” disparado contra o Hotel Palestina, que feriu três outros jornalistas daquela agência. Tudo indica que o hotel onde se encontra a imprensa internacional, nomeadamente os jornalistas portugueses, foi atingido por disparos das forças norte-americanas.

As forças da coligação também atacaram as instalações das estações árabes Al-Jazeera e Abu Dhabi TV em Bagdad, que não estão sediadas no Hotel Palestina. Um repórter da estação do Qatar, o jordano Tarek Ayoub, morreu em consequência do ataque. Em 2001, as instalações do canal árabe no Afeganistão também tinham sido bombardeadas pelos norte-americanos.

Jose Couso, de 37 anos, morreu na sequência da operação cirúrgica a que foi submetido num hospital da capital iraquiana, noticiou o canal Telecinco. Fora atingido na cabeça e numa perna, que lhe foi amputada. O repórter da Reuters morto era o ucraniano Taras Protsyuk, de 35 anos, Os feridos pertencentes ao pessoal da Reuters são um jornalista libanês, um repórter fotográfico iraquiano e um técnico britânico. Nenhum deles se encontra em perigo de vida.

O jornalista da RTP, Carlos Fino, e a repórter da TVI, Carmen Marques, estavam a intervir em directo quando se deu o assalto e registou o momento dos disparos. De acordo com informações veiculadas pela TSF, os norte-americanos estariam a responder ao fogo de um “snipper” que se encontrava no hotel, mas o enviado da Sky News, que assistiu ao ataque, nega ter existido algum disparo a partir do hotel.

Em consequência destes ataques, a cobertura mediática da ocupação de Bagdad poderá ficar reduzida aos relatos dos jornalistas “incorporados”, uma vez que, desde o ataque ao Ministério da Informação, o Hotel Palestina era o local a partir do qual os enviados especiais dos média internacionais enviavam os respectivos serviços.

Divulgada identidade de jornalistas mortos na segunda-feira

Os jornalistas mortos num ataque iraquiano a uma unidade militar norte-americana, na segunda-feira, são o espanhol Julio Anguita Parado, do diário “El Mundo”, e o alemão Christian Leibig, da revista “Focus”. Julio Anguita Parado era filho do dirigente da Izquierda Unida, Julio Anguita, e as suas crónicas estavam a ser publicadas no diário português “Correio da Manhã”. O número de jornalistas mortos em consequência de acções militares subiu de seis para 11 em menos de 24 horas, aos quais se acrescenta ainda o membro do “staff” da BBC que faleceu no Curdistão.

Há poucas esperanças que venham a ser encontrados os dois membros da equipa da ITN, Fred Nérac e Ottmar Hussein, desaparecidos perto de Bassorá a 22 de Março.

A Federação Internacional de Jornalistas publicou a lista dos jornalistas e profissionais dos média que perderam a vida no Iraque:

8 Abril: Jose Couso (Telecinco, Espanha)

8 Abril: Taras Protsyuk (Reuters, Reino Unido)

8 Abril: Tareq Ayoub (al-Jazeera, Qatar)

7 Abril: Christian Liebig (Focus, Germany)

7 Abril: Julio Anguita Parrado (El Mundo, Espanha)

6 Abril: David Bloom (NBC, Estados Unidos)

6 Abril: Kamaran Abdurazaq Muhamed (BBC, Reino Unido)

4 Abril: Michael Kelly (Washington Post, Estados Unidos)

2 Abril: Kaveh Golestan (BBC, Reino Unido)

30 Março: Gaby Rado (ITN, Reino Unido)

22 Março: Paul Moran (ABC, Austrália)

22 Março: Terry Lloyd (ITN, Reino Unido)

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