As acções punitivas contra jornalistas e órgãos de comunicação social na Turquia, e a falta de clareza da nova lei de imprensa, podem minar as esperanças deste país entrar na União Europeia, alertou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).
Numa carta ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoðan, a FIJ sublinha que existem sinais de “uma pressão intolerável sobre os jornalistas e os média independentes” e mostra-se preocupada com diversos aspectos da liberdade de imprensa que não estão regulamentados na nova legislação para o sector, nomeadamente os que “interferem” com a ordem pública e a segurança nacional.
Para a FIJ, antes de mudar a lei exige-se um amplo debate público em que os profissionais da comunicação social estejam comprometidos, pois caso contrário muitos vão temer que a Turquia instaure, através da lei, medidas subtis de pressão e controlo.
A Federação Internacional de Jornalistas apela ainda ao fim da medida de “envio de jornalistas para o exílio”, ou seja, a deslocação forçada para delegações distantes dos profissionais que se recusem a assinar determinados contratos de trabalho, ou o seu despedimento, caso não aceitem a mudança.
A organização dá o exemplo de Sinan Cara, proprietário do quinzenário “Datça Haber”, que esteve preso durante três meses e oito dias, entre Novembro de 2002 e Março de 2003, por não ter enviado dois exemplares da sua revista ao subprefeito, como requer a lei de imprensa.
O jornalista arrisca-se actualmente a cumprir cinco meses de cadeia por causa de um acontecimento de há três anos, em que os guarda-costas do ex-primeiro-ministro Abdullah Gul o atacaram enquanto ele estava em reportagem.