A importância de ser ISP

A expectativa de que a actividade de fornecedor de acesso à internet (International Service Providers) se torne lucrativa poderá ser a âncora de que necessitam os projectos editoriais, para o desenvolvimento de um sector em que, depois de muita euforia e alguns fracassos, todos agora se mostram prudentes.

E agora? É a pergunta que mais vezes nos colocam. A crise parece ter abrandado, mas nem por isso surge alguém a afirmar que sabe como fazer dinheiro com um projecto net. A questão continua a fazer sentido.

No entanto, aconteceu algo importante. A meio de 2001, o Instituto de Comunicações de Portugal alterou a natureza da relação entre Portugal e os Internet Service Providers. Em Portugal, os maiores são a Telepac, Netsapo, Clix, Iol e Netc. Ainda é cedo para perceber exactamente qual o impacto financeiro da alteração, mas os primeiros sinais permitem alguma esperança.

A expectativa de que a actividade de fornecedor de acesso à internet se torne lucrativa pode ser a âncora de que os projectos editoriais necessitam. Quase todos os isp’s dão aos seus utilizadores portais, com pesquisa, informação e «fait-divers». Embora as apostas sejam ligeiramente diferentes, o resultado final poderá ser semelhante.

Na prática, os portais de acesso são os maiores protagonistas do mercado de net português. É por ali que passa grande percentagem dos portugueses que procuram informação.

Nenhum dos portais aposta em grandes equipas editoriais. Quase todos optaram por adquirir conteúdos fora, montar os seus jornais «on-line» com marca própria ou aproveitar o que existe no grupo de comunicação a que pertencem. Com uma situação financeira menos delicada, os isp’s partirão em busca do melhor conteúdo. Resta saber se este cenário será real a curto/médio prazo.

Em Portugal, o IOL experimentou também o conteúdo exclusivo, reservando para os subscritores do portal algumas câmaras do «Big Brother», disponível na net 24 horas por dia. Nos Estados Unidos, alguns «sites» apostam em revistas de papel. Novos tipos de anúncios surgem, em complemento do «banner» de má fama. Olha-se para o ecrã com outros olhos, em busca dos melhores locais para publicitar.

O conteúdo pago, num meio onde tudo é livre, ainda parece de difícil aceitação. Ou talvez ainda ninguém tenha conseguido fazer um produto suficientemente atractivo e original que mereça ser pago. É um caminho a explorar e marcas como o «Finantial Times» são bom exemplo. Claro que existe um problema: nesta altura, os bons profissionais que não trabalham em www pensam três vezes antes de trocarem um emprego num meio tradicional pela net.

Depois, os órgãos de comunicação de maior penetração e marca feita não deram um passo que poderá ser decisivo: passar primeiro na net o conteúdo exclusivo que continuam a guardar para a edição em papel do dia seguinte ou para o jornal televisivo das 20 horas. O «caso Moderna», com notícias nas edições «on-line» do Independente e Expresso foi a excepção que confirmou a regra. Sinal, enfim, de que os tempos nos outros meios também são de suster a respiração e ninguém está capaz de arriscar.

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