Correspondente do “Guardian” impedido de entrar na Rússia

As autoridades russas impediram Luke Harding, correspondente do diário inglês “Guardian” em Moscovo, de regressar à Rússia, aparentemente em retaliação por um artigo relacionado com material divulgado pelo WikiLeaks e onde se afirmava que, sob o governo de Vladimir Putin, a Rússia se tinha tornado num “estado policial virtual”.

O incidente, ocorrido a 5 de Fevereiro, levou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) a acusar a Rússia de “dar um passo atrás rumo às sombras da censura e da intolerância política” e a recordar que, mesmo dentro do país, “os jornalistas lutam por ser livres, muitas vezes levando a cabo o seu trabalho com grande risco pessoal”.

Também a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) criticou a atitude das autoridades russas, encarando-a como “uma tentativa de levar os jornalistas a autocensurarem-se e impedir uma cobertura imparcial do que se passa na Rússia”, quando falta pouco mais de um ano para as eleições presidenciais de 2012.

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) condenou igualmente o caso e a anulação precoce do visto do repórter, válido até Maio, lembrando que Harding era correspondente em Moscovo desde Janeiro de 2007, tendo coberto temas como a corrupção estatal, as operações antiterroristas no Cáucaso ou o envenenamento do ex-espião russo Aleksandr Litvinenko.

Em declarações ao CPJ, Luke Harding afirmou: “O incidente da minha deportação faz parte de um cerco mais generalizado e em curso sobre os repórteres internacionais que trabalham na Rússia. É parte de um plano para fazer sair do país todos aqueles que contam a verdade”.

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