Polícia liga ataque a canal televisivo a conflitos laborais

A polícia paraguaia suspeita que o ataque bombista aos escritórios do Canal 9, de Asunción, no Paraguai, a 12 de Janeiro, estará ligado aos conflitos laborais no seio da empresa, hipótese que a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) considera uma “difamação escandalosa”.

O ataque não causou vítimas e ocorreu três dias após o despedimento de Daniela Candida, apresentadora do canal e representante sindical que estava a negociar com a administração a obtenção de melhores condições laborais para os trabalhadores da estação.

“A polícia é culpada de uma difamação escandalosa ao tentar implicar os nossos colegas neste incidente violento”, afirmou o secretário-geral da FIJ, Aidan White, frisando que as autoridades deveriam investigar seriamente as ameaças dos guerrilheiros do Exército Popular Paraguaio – que declararam ter os jornalistas como alvos militares – e deixar de interferir em assuntos sindicais.

Também a Federação de Jornalistas da América Latina e Caraíbas (Fepalc) condenou as declarações das forças da ordem que, “desrespeitando o seu dever de diligenciar uma investigação exaustiva do sucedido, assinalaram a priori que o atentado poderia estar ligado a conflitos laborais internos”, e exigiu ao comissário Idalino Bianconi, responsável pelas declarações, uma rectificação pública do que expressou.

“As declarações irresponsáveis da polícia prejudicam a actividade legítima dos representantes dos jornalistas”, afirmou a FIJ, dando o seu apoio total à Fepalc e ao Sindicato de Jornalistas do Paraguai, que se têm esforçado por anular o despedimento de Daniela Candida, tendo já conseguido que o presidente Fernando Lugo ordenasse uma reavaliação do caso.

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