Duas jornalistas detidas enquanto cobriam despejo nas Honduras

Duas correspondentes da emissora comunitária La Voz de Zacate Grande, das Honduras, foram detidas pela polícia a 15 de Dezembro, enquanto cobriam uma operação de despejo de uma família instalada num terreno cobiçado pelo magnata dos agrocombustíveis Miguel Facussé Barjum.

Além de Elba Yolibeth Rubio e Elia Xiomara Hernández, que se identificaram previamente às autoridades como jornalistas, a polícia, que contou com o auxílio das forças armadas, deteve mais de 15 pessoas que, no local, se manifestaram solidárias com a família despejada.

Todos os detidos foram levados para a esquadra de Nacome, mas o subcomissário da polícia, Ramón Banegas, nega ter conhecimento da detenção das duas jornalistas, das quais, segundo a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), não há notícias desde que foram abordadas pelas autoridades.

A propósito deste caso, a RSF recordou que a La Voz de Zacate Grande tem sido alvo de ataques constantes pela sua atitude face aos conflitos pelas terras em que Miguel Facussé Barjum está interessado, a ponto de ter sido silenciada por militares e polícia em Junho de 2010, ao abrigo de uma lei de criminalização dos meios de comunicação da oposição e das rádios comunitárias.

De acordo com a organização, desde o golpe de Estado de 28 de Junho de 2009 nas Honduras que a repressão tem sido uma constante, sobretudo na região de Aguán, onde a 14 de Março deste ano foi assassinado o jornalista Nahum Palacios Arteaga, após ameaças atribuídas a militares. No total, só em 2010 já foram mortos 9 jornalistas nas Honduras, três dos quais comprovadamente por motivos profissionais.

No passado mês de Novembro, o governo hondurenho comprometeu-se perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a pôr em marcha as medidas necessárias para garantir a liberdade de expressão e o livre exercício da profissão, uma promessa sem qualquer efeito prático até ao momento.

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