Professora e jornalista brasileira condena jornalismo de causas

O comportamento agressivo de uma professora de jornalismo para com uma aluna que escreveu um artigo sobre o direito à habitação, focado nas ocupações urbanas, originou um abaixo-assinado online que leva mais de 700 assinaturas e cartas dos alunos à direcção da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

De acordo com vários blogues, órgãos de comunicação e sítios sindicais brasileiros, a 5 de Outubro, numa aula de “Laboratórios de Jornalismo Impresso”, a professora Marília Martins criticou a reportagem da aluna Gizele Martins por, apesar de muito bem escrita, ser “totalmente parcial”, dado que em momento algum considerava “criminosos” movimentos sociais como o Movimento dos Sem Teto ou o mais conhecido Movimento dos Sem Terra.

Segundo os alunos, Marília Martins afirmou ainda que quem faz um jornalismo que defenda causas sociais “é parcial, criminoso, defensor do crime” e que o jornalista “deve ser processado, julgado por lei”, e terminou o seu discurso dizendo à aluna que nunca terá espaço nos grandes jornais, como “O Globo”, onde a própria professora trabalha.

Moradora numa favela do Rio de Janeiro e bolseira da PUC-Rio, a aluna Gizele Martins – que colabora com órgãos de comunicação comunitária desde que ingressou na faculdade e não acredita na imparcialidade do jornalismo – abandonou a sala e, defendendo que as diferenças ideológicas entre os alunos devem ser respeitadas no ensino superior, entregou no início desta semana uma carta à direcção da universidade.

Alunos que estavam presentes na sala de aula de Marília Martins também vão entregar uma carta solicitando a punição da professora, e um abaixo-assinado online criticando a postura da docente já reuniu mais de 700 assinaturas.

O caso motivou ainda uma reacção viva do Cpers – Sindicato dos Professores de Rio Grande do Sul, que deixou no ar várias questões, desde que tipo de jornalismo se ensina nas universidades, especialmente nas privadas, até qual é a distância entre o jornalismo que se ensina e o jornalismo comunitário ou ainda como se sentem, ao ouvir este tipo de discurso, aqueles que moram em casas ocupadas, como era o caso de uma aluna da PUC-Rio entrevistada por Gizele Martins.

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