O Ministério do Ambiente espanhol bloqueou a emissão de um documentário da TVE sobre a destruição do litoral, que faz parte de uma série encomendada em 2006 pela então ministra Cristina Narbona e financiada com 1 292 874 euros de dinheiros públicos.

A entidade governamental exige retirar dois minutos de vídeo, nos quais se acusa a corrupção urbanística de ser um dos males do litoral, mas Miguel Ángel Losada, o professor catedrático responsável pela série, intitulada “Las riberas del mar océano”, recusa-se a fazê-lo por considerar que, “lamentavelmente, a corrupção é parte da história”.

O episódio da discórdia é o 12.º, dedicado à legislação ambiental, e onde se observam imagem aéreas que revelam “coisas flagrantes que contrariam a Lei das Costas e a própria Constituição” e mostram a “dolorosa” deterioração de uma franja de terra “única e irrepetível” que agora apenas serve “para cimentar edifícios”, sublinha Miguel Ángel Losada em declarações ao “El País”.

Sem escamotear que há uma “má planificação urbanística e um excesso de edifícios” no litoral espanhol, o Ministério do Ambiente considera que tal é independente da corrupção e mantém que os dois minutos em causa devem ser cortados, pois uma série de carácter didáctico avalizada pela tutela “não pode conter qualquer tipo de erro ou inexactidão, nem dar azo a interpretações tendenciosas”.

Frisando que a série não tinha qualquer directriz política prévia, o argumentista da série acrescenta que, além de não concordar com os argumentos do governo, não irá alterar o documentário por respeito a Julio de Benito – jornalista que coordenou e montou a versão final da série com ele, mas que entretanto faleceu – e que se oporá à emissão de outro produto audiovisual que não seja a série completa.