Sindicato catalão solidário com trabalhadores de diário basco encerrado em 2003

A propósito do início de mais uma ronda de sessões do julgamento do diário basco “Egunkaria”, encerrado em 2003 sem o respaldo de uma sentença judicial por alegadas ligações à ETA – que nunca foram provadas –, o Sindicato de Jornalistas da Catalunha (SPC) expressou a sua solidariedade com os trabalhadores afectados por esta situação.

Considerando que este caso “só pode terminar com a absolvição dos réus, já que nenhuma das acusações ficou provada”, o SPC entende contudo que a actuação das autoridades em 2003 causou “um dano irreparável a uma publicação, aos seus responsáveis e aos seus trabalhadores”, levando 150 pessoas a ficar sem emprego e silenciando o único diário em língua basca que existia então.

Criado em 1990 na sequência de uma campanha pública de um grupo de mais de 70 personalidades da cultura basca com vista à criação de um diário em língua basca, o “Egunkaria” era vendido tanto no País Basco espanhol como no francês e conhecido pelas suas inclinações nacionalistas.

Tal terá bastado para que a 20 de Fevereiro de 2003 o juiz Juan del Olmo ordenasse um raide da Guardia Civil às instalações do jornal, com apreensão de documentos, computadores e congelamento dos bens da publicação, fazendo recordar uma acção anterior, ordenada a 14 de Julho de 1998 por Baltazar Garzón contra o “Egin”, outro jornal basco.

As autoridades acusaram os responsáveis do jornal de ligações à ETA e Del Olmo decretou o encerramento do jornal por seis meses, por motivos preventivos, renovando essa ordem até 20 de Fevereiro de 2005, altura em que já não se justificava realizar novo prolongamento do prazo pois os administradores nomeados pelo tribunal haviam liquidado as empresas que o detinham.

O processo de encerramento do “Egunkaria” motivou protestos na sociedade basca e na Catalunha, e diversas figuras públicas, incluindo um jornalista que fora vítima de uma tentativa de assassinato por parte da ETA, encararam o fecho da publicação como um ataque do governo espanhol à cultura basca e à liberdade de expressão, e consideraram as medidas preventivas decretadas por Del Olmo como desproporcionadas, pois na prática acabaram com uma publicação apenas com base em suspeitas contra alguns dos seus responsáveis.

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