Supremo afegão confirma pena de 20 anos a jornalista

O Supremo Tribunal do Afeganistão confirmou uma pena de 20 anos de prisão aplicada ao jornalista Sayed Perwiz Kambakhsh, por alegada blasfémia, sem ouvir os argumentos da defesa, o que motivou críticas da Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

“O sistema judicial afegão nunca observou os procedimentos correctos neste caso. Depois de um julgamento inicial à porta fechada e sem advogado de defesa, e após várias irregularidades no tribunal de recurso, o Supremo confirmou agora uma pena muito severa sem sequer ouvir o que a defesa tinha a dizer”, lamentou a organização, temendo que o jornalista seja transferido para uma prisão sem condições.

Em declarações à RSF, Yaqub Ibrahimi, irmão de Kambakhsh e também ele jornalista, foi igualmente bastante crítico: “Pensámos que haveria mais justiça na capital afegã e especialmente no topo do sistema judicial, mas a decisão tomada em silêncio leva-nos a recear que não haja qualquer justiça neste país.”

A derradeira oportunidade de Sayed Perwiz Kambakhsh é um perdão presidencial de Hamid Karzai, que prometeu a vários líderes estrangeiros que o jovem jornalista seria libertado.

O repórter do “Jahan-e-Naw” foi detido a 27 de Outubro de 2007 por alegada distribuição de textos difamatórios do Islão, mas segundo a RSF nenhuma das testemunhas de acusação disse ter recebido uma cópia do alegado artigo blasfemo e uma delas até se retractou, dizendo que o seu testemunho inicial tinha ocorrido sob pressão.

Dizendo-se inocente desde o início, Sayed Perwiz Kambakhsh apenas confessou o crime a determinada altura devido à tortura a que foi submetido por membros das forças de segurança em Mazar-i-Sharif, tendo o tribunal daquela localidade condenado o jornalista a pena de morte.

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