Jornalista britânica forçada a abandonar Israel

A repórter britânica Ewa Jasiewicz foi forçada a abandonar Israel, depois de ter passado três semanas detida no aeroporto de Tel Aviv, noticiou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).

O caso da colaboradora da revista de esquerda “Red Pepper” iniciou-se a 11 de Agosto, quando a jornalista foi detida no aeroporto internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, por “preocupações com a segurança nacional” das autoridades israelitas.

A jornalista recorreu da decisão e, a 19 de Agosto, foi autorizada a entrar em Israel, mas não nos Territórios Ocupados. Descontente com o veredicto, o estado israelita apresentou um recurso e, a 26 de Agosto, outro tribunal ordenou a deportação de Ewa Jasiewicz.

Os motivos apresentados para a decisão de deportação não se prenderam com qualquer perigo que a jornalista representasse para a segurança de Israel, mas com a sua “ingenuidade”, que facilitaria a sua manipulação por parte dos palestinianos.

Os advogados da colaboradora da “Red Pepper” contestaram a decisão e levaram o assunto ao Supremo Tribunal, que a 1 de Setembro deliberou que Ewa Jasiewicz podia entrar em Israel, mas não visitar os territórios palestinianos, onde a jornalista pretendia fazer uma reportagem acerca das condições de vida da população.

Segundo a FIJ, esta decisão terá sido baseada em informações dos serviços secretos, Shin Bet, às quais a defesa da jornalista não teve acesso e que parecem contradizer as decisões de dois juízes, que não consideraram Ewa Jasiewicz como uma ameaça à segurança de Israel.

Perante este desfecho, a jornalista – que esteve 22 dias detida no aeroporto e quatro dias proibida de contactar com a imprensa pelo Ministério do Interior israelita – decidiu fazer as malas e regressar ao Reino Unido.

Em comunicado, a FIJ acusa a justiça israelita de criar uma “camuflagem de democracia” ao censurar uma jornalista através do julgamento prévio da sua capacidade profissional, “antes dela ter sequer oportunidade de fazer uma única pergunta ou escrever uma só palavra”.

A organização considerou ainda a decisão do tribunal como “inconsistente e perigosa”, pois pode abrir um precedente com implicações para todos os jornalistas estrangeiros que tentem cobrir o conflito israelo-palestiniano.

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