Redações mancas ou paradas durante a greve geral

É visível para toda a gente a adesão expressiva da classe jornalística à greve geral desta quinta-feira. Por todo o país, há redações paralisadas ou com produção noticiosa muito limitada, em órgãos locais e nacionais, no setor público, privado e cooperativo. A grande adesão da classe jornalística torna claro que não deve ver a luz do dia a anteproposta destrutiva do governo PSD/CDS para a revisão das leis laborais, e que é urgente implementar medidas eficazes para melhorar as condições laborais de jornalistas e financiar adequadamente o setor mediático.

No setor público, com quase todos os jornalistas da Lusa em protesto, fechou por completo o serviço aos clientes da única agência noticiosa nacional. Com a maioria da equipa editorial em greve, as rádios do Grupo RTP falharam a maior parte dos noticiários ao longo do dia. E nas televisões públicas a paralisação provocou fortes constrangimentos à produção noticiosa, falhando-se na RTP Açores tanto um noticiário como a emissão da sessão de hoje da Assembleia Legislativa Regional, reduzindo a RTP Madeira a imagens de arquivo e diretos, e obrigando as direções nacionais a colocarem coordenadores e pivôs em reportagem.

Verificou-se um cenário idêntico nas televisões privadas, destacando-se na TVI/CNN a greve notória em Lisboa e no Porto, e total em Coimbra, e a adesão considerável na SIC, com a equipa do Jornal da Noite reduzida a cerca de metade, e na SIC Notícias, onde apenas uma redatora apareceu durante a manhã. Ainda na Impresa, aproximadamente metade da redação do Expresso aderiu ao protesto, essencialmente congelando secções incluindo o internacional, podcasts, multimédia, desporto, sociedade e redes sociais. Sublinhamos a mobilização considerável, nestas redações, entre as pessoas trabalhadoras mais jovens.

Vindos de anos de luta, pararam cerca de dois terços das redações da Notícias Ilimitada, incluindo do Jornal de Notícias, e da Global Media, nomeadamente no Diário de Notícias e Açoriano Oriental. Especial destaque para a adesão superior a 80% na TSF, claríssima pela emissão que sobrou ao longo do dia. Nas emissoras do Grupo Bauer, falhou a emissão informativa durante a tarde na M80 e Rádio Comercial.

No jornal Público, será em boa parte a direção editorial a garantir a edição reduzida que contam publicar amanhã, com 72% dos jornalistas a participar na Greve Geral. Note-se que vários órgãos estão a manter a publicação por diretores assumirem funções de redação (como na SIC e TSF), mudando de funções e secção jornalistas (como na TVI) ou por terem comparecido trabalhadores precários, com contratos a termo ou de estágio.

Finalmente, registou-se uma adesão considerável nas publicações regionais, locais, e independentes, fechando por completo órgãos como o Região de Leiria, 7Margens, Almada Online, Fumaça, Gerador e Comunidade Cultura e Arte. Recebemos ainda nota de vários freelancers que recusaram também trabalhar.

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