FIJ apela aos Estados Unidos e ao Iraque

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) lançou um apelo de última hora aos Estados Unidos e ao Iraque para que os jornalistas não sejam considerados alvos por nenhuma das partes e que os direitos consagrados na legislação internacional sejam respeitados.

O apelo foi dirigido hoje ao secretário de Estado da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld e ao Presidente do Iraque, Saddam Hussein. A FIJ exige que sejam dadas instruções aos comandantes militares no sentido de respeitarem os direitos dos jornalistas e profissionais dos média.

“Segundo a lei internacional, os jornalistas devem ser tratados como não combatentes e os seus direitos têm de ser respeitados”, disse o secretário-geral da federação, Aidan White.

“Os chefes militares têm de estar certos de que os jornalistas não estão entre os seus alvos, no momento em que se preparam para a guerra. “Centenas de jornalistas poderão estar a trabalhar no terreno e isso é vital para que o mundo permaneça informado”, acrescentou.

O secretário-geral da FIJ afirmou ainda que “mesmo se os Estados Unidos e o Iraque não ratificaram as convenções de Genebra que protegem os jornalistas, apelamos a que respeitem os direitos dos repórteres e dos profissionais que os apoiam”.

A FIJ está ainda preocupada com a margem de manobra que será concedida aos jornalistas que viajam com as forças invasoras e exige que lhes seja garantida toda a liberdade para relatarem os acontecimentos sem interferências.

“Este momento é tão crítico para os jornalistas como para as partes envolvidas no conflito. Quando as hostilidades começarem, é imperativo que os jornalistas apliquem os critérios tradicionais de imparcialidade e não cedam à propaganda militar”, declarou Aidan White.

Tal como outras organizações de jornalistas, a FIJ receia a manipulação e o controlo da informação, que tem sido uma característica dos conflitos militares recentes, afecte a qualidade da cobertura jornalística deste confronto.

A federação apelou ainda aos jornalistas no terreno no sentido de abandonarem posições inseguras. A FIJ congratulou-se com a saída das principais cadeias de televisão, mas está preocupada com os jornalistas dos média locais e regionais, bem como dos “freelance”, que estão a partir de agora expostos a maiores riscos.

Até ao momento, já se verificaram casos em que os direitos dos jornalistas foram ignorados na região. A 1 de Março, uma equipa de reportagem de um canal argentino esteve detida durante seis horas na Jordânia, tendo sido destruída uma parte do material que captara. No dia 8, o Kuwait ameaçou com os tribunais qualquer jornalista que coopere com os média de Israel, o que a FIJ considerou um acto inaceitável de censura. No mesmo dia, um jornalista canadiano foi expulso do Iraque sob a acusação de ser um espião dos serviços secretos israelitas.

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