A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) escreveu ao Presidente da República, Jorge Sampaio, manifestando a sua preocupação pelo futuro da RTP. A maior organização de jornalistas do mundo pede que seja aceite a proposta do Sindicato dos Jornalistas, para a realização de um debate parlamentar sobre o futuro da estação.
A FIJ defende a manutenção dos dois canais da RTP e considera inaceitável que os trabalhadores sejam responsabilizados pela situação financeira da empresa. Da carta, datada de 28 de Maio, foram enviadas cópias ao presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, ao primeiro-ministro, Durão Barroso, e ao ministro da Presidência, Morais Sarmento,
A transcrição integral da carta da FIJ:
“A Federação Internacional de Jornalistas, a maior organização de jornalistas do mundo, está muito preocupada com as propostas para a reestruturação da estação pública de televisão, a RTP.
“De acordo com as nossas informações, a RTP vai ser substituída por um único canal de serviço público, sem publicidade. Em muitas circunstâncias, a criação de um canal não comercial poderia ser considerada uma notícia positiva. Mas consideramos que esta proposta é profundamente defeituosa e pensamos que é importante manter os dois canais da RTP. A proposta foi apresentada demasiado depressa e sem o debate público adequado sobre o impacte do serviço público de televisão em Portugal. Receamos, em particular, que as consequências sociais, as propostas para reformar a legislação relativa aos média, o processo de consulta com o Conselho de Opinião e o financiamento futuro do canal não tenham sido convenientemente abordadas.
“Preocupa-nos ainda que todo este processo, que diz respeito a um aspecto fundamental da democracia portuguesa, tenha sido iniciado sem qualquer respeito pela necessidade de diálogo político e social.
“Parece-nos absolutamente inaceitável que os trabalhadores sejam considerados responsáveis pela crise financeira da RTP e, nesta base, propor a dissolução da empresa.
“A FIJ está convicta de que o diálogo genuíno com os funcionários da RTP é urgente e necessário. Pedimos ao Governo português que responda positivamente ao pedido do Sindicato dos Jornalistas, para que seja conhecida mais informação sobre o futuro económico da RTP e para que tenha lugar um debate parlamentar sobre essa matéria”.
