O assassinato de um jornalista e um ataque à bomba contra um grupo de imprensa na Tailândia preocupam a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), para quem a situação dos média no país se tem vindo a deteriorar desde que o governo processou criminalmente o dono de uma rádio comunitária, há três anos.
O primeiro caso ocorreu a 2 de Novembro e teve como vítima Santi Lamaneenil, dono do jornal local “Pattaya Post” e colaborador da televisão Channel 7 e de alguns jornais nacionais, que foi encontrado morto na parte de trás do seu automóvel.
Como o jornalista noticiara recentemente ilegalidades em locais de entretenimento nocturno da estância turística de Pattaya, essa é uma das pistas que a polícia está a seguir para apurar os motivos do assassinato.
No dia seguinte, o padrão de violência contra os média repetiu-se, com o rebentamento de uma bomba em Ban Phra Arthit, quartel-general do Manager Media Group, que causou apenas danos materiais.
Esta foi a segunda bomba a atingir alvos ligados à imprensa em menos de um mês, pois a 7 de Outubro três trabalhadores da estação televisiva Channel 7, que estavam a cobrir uma visita do primeiro-ministro ao sul do país, ficaram feridos devido à explosão de uma bomba detonada à distância.
Processo judicial contra rádio comunitária
Além da violência física contra os média, a FIJ mostra-se ainda preocupada com a actuação do governo tailandês contra Sathien Chanthorn, um ex-agricultor da província de Ang Thong que lançou em Julho de 2002 uma rádio comunitária na sua terra, ao abrigo de um programa do governo tailandês para promover a radiodifusão comunitária na zona.
No entanto, a estação foi encerrada três meses depois e o seu proprietário acusado de possuir um transmissor de rádio e de violar uma lei das telecomunicações datada de 1955, uma altura em que a liberdade de expressão no país era oficialmente abafada e que, entretanto, terá perdido a sua validade com a inscrição na Constituição de 1997 do direito à existência de estações de rádio comunitárias.
Solicitando ao executivo tailandês que ponha de parte as queixas contra Sathien Chanthorn, a FIJ recorda que ele enfrenta uma multa de 2000 euros e até cinco anos de prisão, caso seja considerado culpado.
Fontes da organização de defesa dos jornalistas na Tailândia afirmam que muitas rádios comunitárias funcionam actualmente sem licenças, mas que o governo optou por só ir atrás de Sathien Chanthorn, possivelmente devido às suas tentativas de parar com a exploração dos orçamentos de ajuda contra as cheias em Ang Thong.
Por este motivo, a FIJ receia que o processo judicial seja apenas uma desculpa para silenciar vozes críticas, tal como terá acontecido com as 40 rádios comunitárias que foram recentemente encerradas, alegadamente por interferirem com os sinais de aviação.