A publicação no sítio Wikileaks (www.wikileaks.org) de um vídeo onde se vê um helicóptero norte-americano a disparar sobre civis, incluindo dois profissionais da Reuters, num subúrbio de Bagdade em Julho de 2007, reacendeu o debate sobre a atitude das tropas dos EUA naquele território.

No vídeo são visíveis imagens dos disparos militares sobre civis desarmados e sobre quem tentava resgatar os feridos. Entre as vítimas estavam o fotógrafo Namir Noor-Eldeen e o motorista Saeed Chmagh, da Reuters, empresa que tentou, sem sucesso, obter estas filmagens através de um Freedom of Information Act (FoIA), instrumento legal que permite solicitar o acesso a material classificado nos EUA.

A propósito do caso, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) instou o presidente Barack Obama a abrir uma nova investigação às acções do exército norte-americano no Iraque, pois as imagens agora divulgadas mostram “uma violência calculada, fria e aterrorizadora”, de uma “atrocidade que não pode ser ignorada” e que resultou na morte de civis desarmados.

Relembrando que, “ao todo, há 19 assassinatos não explicados de profissionais dos média às mãos de soldados norte-americanos” no Iraque, o presidente da FIJ, Jim Boumelha, afirmou que “a administração Obama não pode esquivar-se à responsabilidade e deve pôr de parte o branqueamento feito no relatório do exército dos EUA” sobre estes casos, pois “a justiça requer que não haja impunidade”.

Também o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) exigiu uma investigação exaustiva e transparente ao incidente, frisando que o vídeo disponibilizado pelo Wikileaks revela “os perigos do jornalismo de guerra e as tragédias que dele podem resultar”.

O Wikileaks revelou que obteve o vídeo e documentos de apoio de várias fontes militares, tendo verificado a sua autenticidade em conversas com testemunhas e jornalistas directamente envolvidos no incidente. A autenticidade das filmagens foi ainda confirmada por um oficial de defesa norte-americano, segundo a Reuters.