O Comité para a Protecção dos Jornalistas distinguiu a coragem de profissionais de quatro países com a atribuição dos Prémios Internacionais de Liberdade de Imprensa 2010, cuja cerimónia de entrega terá lugar a 23 de Novembro, em Nova Iorque.
Os laureados deste ano são o etíope Dawit Kebede, a russa Nadira Isayeva, o venezuelano Laureano Márquez e o iraniano Mohammad Davari, que puseram em risco a sua liberdade e segurança para revelarem ao público a verdade nos respectivos países, segundo o CPJ.
“Os vencedores deste ano enfrentaram a violência, as ameaças, a prisão e até mesmo a tortura devido ao seu ofício”, tendo dado “uma contribuição fundamental para a vida cívica nos seus países ao exporem transgressões, denunciarem situações de corrupção e manterem um olhar céptico sobre as acções oficiais”, afirmou o director-executivo do CPJ, Joel Simon, dizendo que esta demonstração de “independência e coragem deve ser apoiada e distinguida”.
O etíope Dawit Kebede, de 30 anos, foi um dos primeiros jornalistas a ser preso por fazer uma cobertura independente da violência que rodeou as eleições presidenciais de 2005, tendo partilhado uma cela comum com 350 presos políticos. Após dois anos de prisão, só após pressão do público conseguiu licença para lançar o jornal “Awramba Times”, o único jornal etíope em língua amárica que ousa questionar as autoridades.
Já a russa Nadira Isayeva, de 31 anos, desencadeou a fúria dos serviços secretos russos no Cáucaso do Norte com as suas implacáveis reportagens sobre a forma como aqueles lidavam com a violência e a militância islâmica na região. Desde Junho de 2009 que o principal regulador da comunicação social tenta encerrar o semanário “Chernovik”, onde ela é chefe de redacção, por “atitudes hostis perante os executores da lei e outras posições extremistas”.
Na Venezuela, Laureano Márquez, jornalista e humorista de 47 anos, foca usualmente o presidente Hugo Chávez e outros políticos nas colunas que assina no diário “Tal Cual” e noutras publicações nacionais, tendo sido processado em Janeiro passado por um artigo onde acusava veladamente Hugo Chávez de opressão, por a coluna constituir um atentado à democracia e uma conspiração para um golpe de Estado disfarçada de humor.
Chefe de redacção do sítio noticioso Saham News, o iraniano Mohammad Davari, de 36 anos, expôs as práticas levadas a cabo no Centro de Detenção Kahrizak, com testemunhos em vídeo de detidos que afirmavam ter sido violados e torturados. O estabelecimento foi encerrado em Julho de 2009, após vivos protestos públicos, mas em Setembro seguinte Mohammad Davari foi detido pela denúncia e cumpre uma pena de cinco anos por “motim contra o regime”, não tendo autorização para contactar a família há mais de oito meses.
Além dos prémios principais, a cerimónia do CPJ contará com a entrega do Burton Benjamin Memorial Award a Aryeh Neier, presidente do Open Society Institute, pela sua longa carreira em defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos, e com a entrega do galardão de 2009 ao jornalista ceilonês J.S. Tissainayagam, que não o pôde aceitar pessoalmente no ano passado por estar preso.