Trabalho escolar leva a detenções no Mali

Um jornalista, um professor e quatro editores estão detidos no Mali por “ofensas ao chefe de Estado”, alegadamente contidas em artigos sobre um trabalho escolar cujo tema era um escândalo sexual que envolvia um presidente fictício.

O jornalista Seydina Oumar Diarra, do diário “Info-Matin”, e o professor Bassirou Kassim Minta estão na prisão desde 14 de Junho, depois de o repórter ter publicado a 1 de Junho um artigo em que criticava o docente por ter instado os alunos a escrever um texto sobre um presidente fictício envolvido num escândalo sexual.

A 20 de Junho as autoridades detiveram os editores Sambi Touré, do “Info-Matin”, Ibrahima Fall, do “Le Républicain”, Alexis Kalambry, “Les Echos”, e Haméye Cissé, do “Le Scorpion”, por “cumplicidade na ofensa ao chefe de Estado”, dado terem republicado o artigo em causa.

“Estas acusações não têm fundamento e parecem ser uma tentativa de intimidar os jornais que não apoiam o partido do governo”, afirmou Gabriel Baglo, director da FIJ África, sublinhando que “o governo não pode prender jornalistas e editores só porque não concorda com eles ou não gosta dos artigos que eles escrevem”.

O mesmo responsável da FIJ instou o presidente Amadou Toumani Touré a convencer o procurador a abandonar as queixas contra os seis detidos, que têm audiência no tribunal de Bamako marcada para 26 de Junho, uma vez que este caso “mancha a imagem do Mali, visto na região como uma democracia que respeita a liberdade de expressão”.

Além das detenções, a FIJ condenou ainda o ataque de que foi vítima Ibrahim Famakan Coulibaly, presidente da Associação de Jornalistas do Mali. Coulibaly foi agredido e ferido nas pernas em virtude da repressão policial sobre uma manifestação de jornalistas que clamava pela libertação dos detidos em frente ao Ministério da Justiça.

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