Durante a última semana, o trabalho jornalístico em Marrocos tem sido dificultado pela tensão crescente entre aquele país e Espanha, devido a acontecimentos relativos ao Saara Ocidental (antiga colónia espanhola disputada por Marrocos e pela Frente Polisário) e a acções policiais sobre marroquinos no enclave espanhol de Melilla.
A denúncia é feita pelo Sindicato Nacional da Imprensa Marroquina (SNPM) e a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que protestaram pela proibição de jornalistas estrangeiros apanharem o avião para Laayoune, capital do Saara Ocidental e cidade mais próxima do acampamento sarauí de Agdaym Izik, onde ocorreram confrontos violentos entre forças de segurança marroquinas e manifestantes sarauís.
A medida, imposta pelas autoridades marroquinas, afectou de imediato 12 jornalistas espanhóis e um francês, alguns dos quais já estavam na sala de espera do aeroporto de Rabat quando funcionários da Royal Air Maroc lhes retiraram os cartões de embarque e disseram que teriam de viajar de carro até Laayoune, que fica a 1300 quilómetros de distância.
“Esta proibição é uma grave restrição ao movimento dos jornalistas e precisa de ser levantada imediatamente”, afirmou o secretário-geral da FIJ, Aidan White, acrescentando que a falta de observadores independentes como os jornalistas na região corre o risco de “alimentar rumores e complicar ainda mais o conflito”.
O dirigente da FIJ usa o mesmo argumento para o caso de Melilla, enclave de Espanha no Norte de África onde cinco jornalistas marroquinos foram impedidos de entrar pela polícia espanhola, que interrogou dois, confiscou o passaporte dos outros três e negou a todos a entrada, tendo o grupo regressado à cidade marroquina de Nador.
Os jornalistas interrogados foram Abderahim El Bouhedioui e Rachid Laâtabi, repórteres de imagem da emissora pública marroquina SNRT, enquanto os três cujo passaporte foi confiscado foram Badiaâ Zekhnini (SNRT), Azzedine Lamrini (jornal Al Ahdat Al Maghribiya) e Said Youssi (da agência de notícias MAP).
Segundo um membro da direcção do SNPM, a recusa de entrada no território pretendia “frustrar o trabalho dos jornalistas marroquinos, sobretudo dos repórteres de imagem, na sequência da cobertura que estes fizeram da recente repressão policial que forças espanholas exerceram sobre marroquinos residentes em Melilla”.