Televisão em árabe pode prejudicar reputação da BBC

A reputação de independência da BBC poderá ser posta em causa com o lançamento do BBC Arabic Television Service, que pretende emitir 12 horas por dia para o Médio Oriente, a partir de 2007, e que será financiado pelo governo britânico à custa do encerramento de dez serviços regionais da emissora.

Quem o afirma é Aidan White, secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que apesar de apoiar os esforços da BBC para alargar a influência do World Service, considera que “um canal de televisão árabe abre a porta a críticas de que a marca [BBC] está a ser usada para fortalecer objectivos políticos”.

Para ilustrar a sua posição, o dirigente da FIJ refere o caso da Al Hurra, uma rede de televisão por satélite em árabe financiada pelos Estados Unidos, que apesar de se afirmar independente a nível editorial tem a clara intenção de contrariar o sucesso de canais como a Al Jazeera e a Al Arabiya, que apresentam a perspectiva árabe do conflito no Iraque.

“Não há dúvidas de que a Al Hurra é profissional, mas muitas pessoas não a vêem por terem a percepção de que é uma caixa de ressonância do governo”, diz Aidan White, alertando para o risco do World Service ganhar a mesma fama e ser globalmente abalado no seu prestígio, que lhe rende cerca de 150 milhões de ouvintes semanais, dos quais 12 milhões ouvem o actual serviço rádio em árabe.

Segundo contas do BBC World Service – financiado pelo governo britânico –, o investimento no serviço televisivo em árabe rondará os 19 milhões de libras anuais, que serão obtidos à custa do encerramento dos serviços em búlgaro, cazaque, checo, croata, eslovaco, esloveno, grego, húngaro, polaco e tailandês.

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