SJ repudia despedimento colectivo no “Público”

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) considera inaceitável o processo de despedimento colectivo de 48 trabalhadores, 28 dos quais jornalistas, que a Administração do “Público” pretende implementar, e apela à unidade e resistência.

Em comunicado divulgado esta tarde, o SJ manifesta o seu vivo repúdio pelo que classifica de “processo inaceitável e iníquo”, e lembra que, “embora seja certo que as vendas do jornal têm vindo a cair”, não é menos verdade que os lucros da Sonaecom têm vindo a aumentar.

Com efeito, em 2011 os lucros da Sonaecom foram de 62,5 milhões de euros, um aumento de 51,7% em relação a 2010, e cresceram 19,9% no primeiro semestre de 2012, para 38,1 milhões de euros. Um lucro que só não foi maior, enfatiza o SJ, devido a “reorientações estratégicas da holding”, que ainda ontem anunciou um “investimento de 222 milhões na rede de quarta geração móvel da empresa”.

Para o SJ, que “está a acompanhar o processo, prestando todo o apoio aos seus associados”, esta empresa do rico universo da Sonae não hesita “em sacrificar quase meia centena de trabalhadores” só para não baixar os seus lucros.

É o seguinte o texto, na íntegra, do Comunicado do SJ:

SJ contra despedimentos no “Público”

1. A Administração do jornal “Público” comunicou hoje à Comissão de Trabalhadores a intenção de proceder ao despedimento colectivo de 48 trabalhadores, 28 dos quais jornalistas, num processo completamente inaceitável que o SJ repudia vivamente, apelando desde já à unidade e à resistência.

2. Com efeito, embora seja certo que as vendas do jornal têm vindo a cair, agravando os seus prejuízos, a verdade é que o “Público” é apenas uma das actividades da holding Sonaecom, do rico universo Soane, a qual tem um desempenho francamente positivo e que permite um evidente suporte ao jornal, cuja importância não pode e não deve ser escamoteada.

3. Apesar da conjuntura económica e social desfavorável e que se agravou este ano, os lucros da Sonaecom foram de 62,5 milhões de euros em 2011, um aumento de 51,7% em relação a 2010; no primeiro semestre de 2012, os lucros cresceram 19,9%, para 38,1 milhões de euros, crescimento este que só não foi maior devido, designadamente, a reorientações estratégicas da holding; e ainda ontem foi anunciado um investimento de 222 milhões na rede de quarta geração móvel da empresa.

4. Estes dados comprovam que o que está em causa não é a sobrevivência de uma pequena empresa. O que se passa é que a Sonaecom e a Sonae não querem diminuir os seus lucros e não hesitam em sacrificar quase meia centena de trabalhadores, lançando mão de um despedimento colectivo no quadro de uma gravíssima crise económica e social, e rejeitando a função social que as empresas devem assumir especialmente em épocas como esta.

5. O Sindicato dos Jornalistas está a acompanhar o processo, prestando todo o apoio aos seus associados na resistência a um processo inaceitável e iníquo, e vai contribuir activamente para a discussão dos fundamentos do despedimento colectivo.

Lisboa, 10 de Outubro de 2012

A Direcção

Partilhe