SJ repudia ameças de Jardim a jornalistas na RTP-Madeira

O presidente do Governo Regional da Madeira ameaçou ontem, publicamente, os jornalistas ao serviço da RTP na região de serem postos no “olho da rua”. O Sindicato dos Jornalistas (SJ) manifesta o mais vivo repúdio por tal atitude e considera-a um indício muito grave de que Alberto João Jardim não hesitará em encetar despedimentos punitivos se algum dia lhe for entregue poder sobre a empresa no plano regional.

Em comunicado divulgado ao início da tarde, o SJ faz notar que as ameaças de Jardim constituem uma “verdadeira coacção sobre os jornalistas ao serviço da RTP, especialmente os responsáveis editoriais”, sobretudo tendo em conta o processo de reestruturação da empresa Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e quando existe o risco de o governo central vir a entregar ao governo regional poderes sobre a RTP-Madeira.

Manifestando a sua “solidariedade para com os jornalistas na RDP-Madeira e na RTP-Madeira, bem como a todos os profissionais que exercem a sua profissão naquela região”, o SJ “apela ao ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional para que trave qualquer intenção de regionalização da empresa RTP e exorta o Parlamento a não permitir o desmantelamento da RTP nem a alienação do controlo dos centros regionais”.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

SJ repudia ameaças de Jardim a jornalistas na RTP-Madeira

1. O Sindicato dos Jornalistas tomou conhecimento, hoje, das ameaças aos jornalistas ao serviço da RTP na Madeira, proferidas publicamente, ontem, pelo presidente do Governo Regional da Madeira, que pela sua gravidade não podem ficar sem resposta.

2. Segundo o relato do “Diário de Notícias” da Madeira, confirmado por camaradas que se encontravam no local, no decurso de uma visita a uma obra, Alberto João Jardim, abordado por dois cidadãos, recomendou-lhes: “Falem com os comunas da televisão, que eles põem tudo. Puseram um vigarista à frente daquilo. Isso é para resolver a seguir com o Maduro (ministro Miguel Poiares Maduro, que tutela a RTP): Tudo para o olho da rua.”.
Momentos depois, o presidente do Governo Regional invectivou directamente os nossos camaradas da RDP e da RTP ali em reportagem, acusando-os de não estarem a ser isentos na cobertura das eleições. “Alguém mandou, vão sofrer todos as consequências”, disse.

3. A forma desprimorosa e até ofensiva com que Alberto João Jardim se refere a jornalistas – e a personalidades da vida pública madeirense e nacional – já não surpreende ninguém. Mas continua a ser inaceitável e justifica o mais vivo repúdio. Por maior que seja a discordância quanto ao acompanhamento jornalístico e aos critérios editoriais dos órgãos de informação, não pode simplesmente usar tais termos e muito menos proferir ameaças.

4. Porém, no contexto de reestruturação da empresa Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e especialmente do risco de o governo central vir a entregar ao governo regional poderes sobre a RTP-Madeira, tais ameaças, uma verdadeira coacção sobre os jornalistas ao serviço da RTP, especialmente os responsáveis editoriais, assumem hoje uma dimensão e um significado ainda mais preocupantes.

5. De facto, representam mais um indício muito sério e grave de que Alberto João Jardim não hesitará em encetar despedimentos punitivos ou outras formas de perseguição e de pressão, se algum dia lhe for entregue poder sobre a empresa no plano regional.

6. Repudiando com toda a firmeza mais este grave incidente e manifestando a sua solidariedade para com os jornalistas na RDP-Madeira e na RTP-Madeira, bem como a todos os profissionais que exercem a sua profissão naquela região, o SJ apela ao ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional para que trave qualquer intenção de regionalização da empresa RTP; exorta o Parlamento a não permitir o desmantelamento da RTP nem a alienação do controlo dos centros regionais; e alerta os jornalistas para as manobras e actos de intimidação, que visam atingir sua integridade profissional e a sua independência.

Lisboa, 19 de Setembro de 2013

A Direcção

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