O Sindicato dos Jornalistas (SJ) pediu a intervenção urgente da Inspecção Geral do Trabalho na Revista “Tempo” para esclarecer em que condições foi feita a edição de 24 de Junho, já que a maioria dos jornalistas da redacção suspendeu a prestação de trabalho por falta de pagamento dos salários de Abril e de Maio.
Embora desconhecendo a que “expediente” recorreu a Euronotícias, proprietária do título, o SJ, em comunicado divulgado hoje, 27 de Junho, considera “muito estranho que, tendo faltado sistematicamente ao cumprimento atempado dos seus deveres para com os trabalhadores, levando-os à suspensão do contrato de trabalho”, a empresa se proponha realizar agora novas contratações.
Sublinhando que a contratação de novas pessoas não descarta a empresa dos encargos já assumidos com os nove jornalistas auto-suspensos, o SJ apela aos novos contratados para “não permitirem que a forma e as condições de ingresso na ‘Tempo’ sirvam para alimentar a imoral exploração das suas aspirações e legítimas expectativas profissionais”.
É o seguinte o texto, na íntegra do comunicado do SJ:
Situação preocupante na revista Tempo
1. Apesar da suspensão da prestação de trabalho apresentada pela maioria dos jornalistas da redacção da revista Tempo, devido à falta de pagamento dos ordenados de Abril e de Maio, a revista voltou a publicar-se no passado dia 24 de Junho.
2. Para o efeito, a empresa Euronotícias recorreu à contratação de um conjunto de pessoas cujas condições para o exercício da profissão e situação contratual devem ser averiguadas com urgência pela Inspecção Geral do Trabalho.
3. Não se sabe ainda a que expediente recorreu a empresa, mas é muito estranho que, tendo faltado sistematicamente ao cumprimento atempado dos seus deveres para com os trabalhadores, levando-os à suspensão do contrato de trabalho, se proponha realizar agora novas contratações.
4. Face ao comportamento da empresa, o SJ alerta os organismos competentes para a necessidade de uma intervenção urgente, com vista à garantia dos direitos dos nove jornalistas que não tiveram outro remédio senão suspender os seus contratos.
5. O SJ apela à própria empresa para que reflicta seriamente sobre a atitude que acaba de tomar, na medida em que ao contratar novas pessoas em vez de pagar a retribuição às que já estavam ao seu serviço agrava uma situação laboral já de si insustentável.
6. De facto, a empresa não só não se descarta dos encargos que já assumiu com os jornalistas auto-suspensos, mas também cria responsabilidades com os novos contratados, possivelmente jovens que almejam por um lugar num mercado de trabalho cada vez mais difícil.
7. O SJ apela também aos novos contratados para não permitirem que a forma e as condições de ingresso na Tempo sirvam para alimentar a imoral exploração das suas aspirações e legítimas expectativas profissionais, ainda por cima à custa das aspirações e das expectativas doutros jovens.
8. O SJ tudo continuará a fazer para defender os direitos e os interesses dos jornalistas da Tempo, esperando que os organismos competentes ponham cobro a uma situação que não pode prolongar-se.
Lisboa, 27 de Junho de 2005
A Direcção