SJ contra despedimentos no “Diário Económico”

Jornalistas e outros trabalhadores ao serviço do “Diário Económico” estão a ser abordados selectivamente com vista ao seu despedimento através de propostas de rescisão ditas de mútuo acordo, denuncia o Sindicato dos Jornalistas (SJ).

Em comunicado divulgado hoje, 25, o SJ condena o processo adoptado pela empresa, considerando-o “ofensivo para a dignidade dos trabalhadores atingidos”, e rejeita que a “pretexto da crise e da quebra do investimento publicitário, empresas de comunicação social como a do “Diário Económico” optem pela solução mais fácil do despedimento quando se inserem em importantes grupos económicos, como é o caso do Grupo Ongoing, que podem e devem servir de suporte às actividades em eventuais dificuldades”.
Tais grupos, sublinha o SJ, devem servir de suporte financeiro às actividades em eventuais dificuldades ou para integrar trabalhadores em postos de trabalho compatíveis com a sua categoria e a sua função, antes de recorrerem a tomadas de decisão inconsideradas como esta”.

É o seguinte o texto, na íntegra, do Comunicado do SJ:

SJ repudia despedimentos no “Diário Económico”

1.Jornalistas e outros trabalhadores ao serviço do “Diário Económico” têm vindo a ser abordados selectivamente, com vista ao seu despedimento através de propostas de rescisão dos contratos de trabalho ditas de mútuo acordo, num método que o Sindicato dos Jornalistas repudia liminarmente.
2.Ao contrário do que seria aceitável – ainda que com o risco, que o SJ vem apontando, de erosão do capital de memória e de experiência das redacções –, a empresa, do grupo Ongoing, não se limitou a abrir um processo de redução de trabalhadores através de adesões voluntárias, isto é, por iniciativa dos interessados.
3.De facto, um significativo número de profissionais tem sido contactado directamente pelo director da publicação com o objectivo de lhe propor a rescisão dos contratos de trabalho.
4.Trata-se de um método ofensivo para a dignidade dos trabalhadores atingidos por esta fórmula, que as empresas insistem em tentar dourar sob o eufemismo “convite de rescisão”, que os trabalhadores não são obrigados a aceitar e merece veemente repúdio.
5.Trata-se também de uma operação de risco muito elevado para o futuro da própria publicação, pois a redução da Redacção e o confinamento defensivo ao “core” do jornal (secções de Economia, Finanças e Empresas) pode diminuir a sua qualidade e fechar o leque de interesses dos leitores, com reflexos nas vendas e na publicidade.
6.Também não se pode aceitar que, a pretexto da crise e da quebra do investimento publicitário, empresas de comunicação social como a do “Diário Económico” optem pela solução mais fácil do despedimento quando se inserem em importantes grupos económicos, como é o caso do Grupo Ongoing.
7.Tais grupos devem servir de suporte financeiro às actividades em eventuais dificuldades ou para integrar trabalhadores em postos de trabalho compatíveis com a sua categoria e a sua função, antes de recorrerem a tomadas de decisão inconsideradas como esta. A inclusão num grupo económico, mais do que servir os propósitos de obtenção de lucro, deve também permitir a afectação das suas sinergias na promoção do trabalho e do respeito pelos seus trabalhadores.
8.Embora de grande importância no mercado editorial, o DE é apenas uma parte muito pequena no universo vasto da Ongoing, que possui importantes participações sociais e, inclusivamente, está num processo de expansão transatlântico, nomeadamente na América do Sul, em África e na China.
9.O Sindicato dos Jornalistas, que tem vindo a acompanhar a situação no DE, está convicto de que, mesmo nas situações de crise, é possível encontrar soluções alternativas que acautelem a defesa dos postos de trabalho, que são necessários ao futuro das próprias empresas.
10.Assim, a Direcção do SJ apela aos jornalistas ao serviço do DE, para que se unam em torno da sua organização sindical para garantir aqueles objectivos, reclamando da empresa a discussão da sua situação com os trabalhadores e a negociação de soluções que não sacrifiquem postos de trabalho.

Lisboa, 25 de Janeiro de 2012

A Direcção

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