A Empresa do Diário de Notícias da Madeira (EDN) pretende proceder a despedimentos, em número ainda não avançado mas que se julga ser significativo. Para a Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas trata-se de uma decisão estranha, injustificada, imoral e contraproducente.
Em comunicado divulgado a 03 de Abril, a Direcção Regional do SJ dá conta das diligências efectuadas junto dos responsáveis da EDN, manifesta a sua solidariedade para com os trabalhadores da empresa e afirma a sua confiança no futuro do “Diário de Notícias” e na salvaguarda dos postos de trabalho desde que “impere a seriedade, a ética e a transparência nas decisões da empresa”.
É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado doSJ:
Despedimentos no Diário de Notícias da Madeira
1. Os profissionais da Empresa do Diário de Notícias foram informados esta semana da determinação da empresa em proceder a despedimentos, em número ainda não avançado mas que se julga ser significativo. Por aquilo que conseguiu apurar até momento, a Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas só pode classificar esta decisão de estranha, injustificada, imoral e contraproducente.
2. É estranha porque estamos a falar da mais pujante empresa privada do sector da Comunicação Social da Madeira, que, apesar dos constrangimentos e práticas do Governo Regional (cortes de assinaturas, publicidade e concorrência do JM), chegou sempre ao final de cada ano com lucros. Por isso, não conseguimos encontrar motivos para que repentinamente a Empresa do Diário de Notícias tenha entrado numa situação de ruptura de tal modo grave que seja obrigada a descartar-se de um número significativo de trabalhadores. As suspeitas ganham ainda maior dimensão quando sabemos que a empresa, num conjunto de medidas de contenção (dispensa de trabalhadores contratados a prazo, rescisões por mútuo acordo e reduções voluntárias do horário de trabalho e de remunerações) estava em condições de reduzir em cerca de 20 por cento os seus custos de pessoal.
3. Os despedimentos são injustificados porque a Empresa do Diário de Notícias ainda não fundamentou com números as anunciadas dificuldades. Foi por isso que os jornalistas, reunidos em plenário na passada quarta-feira, aprovaram uma moção na qual pedem esses dados financeiros, direito que está consagrado no Código do Trabalho, de modo a que possam conhecer minimamente a real situação da empresa e procurar encontrar soluções que evitem os despedimentos.
4. Mesmo confirmando-se uma redução das receitas da empresa, o Sindicato dos Jornalistas considera que a Empresa do Diário de Notícias tem o dever moral e ético de procurar superar as dificuldades com recurso a outras medidas de contenção que não seja a de se livrar rapidamente dos profissionais que deram sempre o seu melhor e fizeram crescer o Diário de Notícias, a grande maioria dos quais com sacrifícios na sua vida pessoal. Os trabalhadores não podem ser vistos como peças descartáveis que se deitam fora ao menor sinal de problemas. Com responsabilidade, aguardam por isso uma resposta da administração da EDN.
5. Se os trabalhadores poderão ser as primeiras vítimas desta reestruturação, o jornalismo sério e descomprometido do Diário de Notícias pode também vir a ser penalizado. Como é óbvio, o emagrecimento drástico dos quadros do Diário de Notícias terá repercussões qualitativas e quantitativas na edição futura do jornal, correndo o risco de não corresponder às exigências da população madeirense. Tememos seriamente que a opção pelos despedimentos venha a acrescentar ainda mais problemas à situação eventualmente difícil da empresa Diário de Notícias.
6. Face a este quadro, impõem-se explicações. Este deve ser um momento de verdade, e há aspectos que devem ser muito bem esclarecidos. Até porque há menos de uma semana, o presidente do Grupo Controlinveste, Joaquim Oliveira, que detém uma quota de 40% na Empresa do Diário de Notícias, garantia num encontro de quadros superiores do grupo que não estava no horizonte voltar a recorrer a despedimentos colectivos. Afinal em que é que ficamos? O que é que está verdadeiramente por detrás dos despedimentos no Diário de Notícias?
7. Pelo exposto, o Sindicato dos Jornalistas reafirma a postura de diálogo já evidenciada em duas reuniões mantidas com a Gerência da EDN, tendo manifestado uma clara oposição aos despedimentos no Diário de Notícias, pois não constituem uma inevitabilidade. Acreditando no futuro do Diário de Notícias, desde que impere a seriedade, a ética e a transparência nas decisões da empresa, será possível evitar o corte de postos de trabalho.
8. A Direcção Regional do Sindicato dos Jornalistas desde já alerta que não irá tolerar quaisquer manobras de intimidação neste processo, dentro e fora da empresa e que a existirem serão prontamente denunciadas. Os profissionais do Diário de Notícias sabem que contam com o apoio do Sindicato, pelo que exortamos a que resistam às pressões e a que se mantenham unidos na defesa dos seus postos de trabalho.
Funchal, 3 de Abril de 2009
A Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas
Plenário de Jornalistas
Os jornalistas ao serviço do “Diário de Notícias” da Madeira, ´reunidos em plenário no dia 01 de Abril, aprovaram uma Moção em que apelam aos “accionistas da Empresa do Diário de Notícias, Lda., e em particular ao Grupo Blandy, para que assumam as consequências da propriedade do jornal e procedam às medidas de natureza económico-financeiras necessárias à defesa e relançamento do jornal e à protecção dos postos de trabalho”.