SJ chama jornalistas a agir contra a crise e apela à solidariedade com trabalhadores da Lusa e do Público

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) apela a todos os jornalistas para que no dia 18, às 11 horas, se juntem à concentração de trabalhadores da Lusa junto à Presidência do Conselho de Ministros em Lisboa, e para que no dia 19 se juntem aos piquetes de greve da Lusa e do Público, especialmente nas instalações de Lisboa e Porto.

O apelo é feito num comunicado divulgado esta tarde, no qual o SJ considera que o “aumento do desemprego e a gravíssima degradação da economia tornam imperioso que os jornalistas tomem a palavra e passem à acção”.

No documento, a Direcção do SJ apela também aos jornalistas, sindicalizados ou não, para que participem numa reunião geral aberta à classe, a realizar no próximo dia 27, pelas 15 horas, na sede nacional e na Delegação Norte, para discutir a situação actual e sugerir formas de luta, exortando-os desde já a reflectir sobre a necessidade de participação numa greve em todas as empresas do sector, em data a anunciar.

É o seguinte o texto, na íntegra, do Comunicado do SJ:

Jornalistas chamados a agir contra a grave situação do sector e do país

1. As notícias mais recentes de despedimentos de jornalistas e até de encerramento de publicações, agravando a já difícil situação da classe, a proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2013, com devastadoras medidas fiscais e cortes nas empresas do sector do Estado, o aumento de bens essenciais, incluindo o gás e a electricidade, o aumento do desemprego e a gravíssima degradação da economia tornam imperioso que os jornalistas tomem a palavra e passem à acção.

2. É sabido: está em curso no jornal “Público” um processo de despedimento colectivo abrangendo 48 trabalhadores, dos quais 28 são jornalistas; na Impresa, no Sol, na Cofina e noutras empresas, estão em curso ou em preparação outros processos para despedir outros jornalistas e outros trabalhadores; ao longo dos últimos anos, largas centenas de jornalistas foram lançados no desemprego ou forçados à pré-reforma; este ano, não cessou a ofensiva contra o direito ao trabalho e contra os direitos laborais dos jornalistas; cresce o receio de novos ataques e do recrudescimento do desemprego; semeia-se o pânico para justificar o embaratecimento do trabalho.

3. Já está confirmado: mesmo nas empresas de comunicação social do sector empresarial do Estado – a RTP e a Lusa – o Governo, através da Lei do Orçamento do Estado, quer impor cortes de 42,2% e de 30,9%, respectivamente, nas indemnizações compensatórias devidas pela prestação de serviços públicos por elas assegurados, além das reduções de despesas e dos despedimentos que o OE também vai determinar, se for aprovado pelo Parlamento e promulgado pelo Presidente da República.

4. É já muito evidente: com as alterações ao Código do Trabalho, agravaram-se para muito pior as condições de trabalho dos jornalistas e dos trabalhadores em geral, ficando mais fáceis e mais baratos os despedimentos, e mais fácil e mais barato, ou até gratuito, o trabalho suplementar; com os aumentos dos impostos e o aumento do custo de vida, tanto para trabalhadores como para reformados e pensionistas, os rendimentos diminuíram e o consumo privado foi afectado seriamente; com o aumento do desemprego e a diminuição dos apoios sociais em valor e em duração, largas franjas da população empobrecem; com a destruição da economia, o país caminha para o desastre económico e social.

5. Já não há dúvidas: a situação é cada vez mais insustentável e os jornalistas, como os trabalhadores em geral, são hoje chamados a agir – e a agir já, antes que seja demasiado tarde, como bem o afirmam as mensagens que o Sindicato dos Jornalistas vai colhendo nos locais de trabalho ou que lhe chegam por iniciativa dos próprios jornalistas, colocando na ordem do dia a necessidade de acção determinada.

6. Neste contexto, o apoio e a dinamização das greves já marcadas nos próximos dias na Agência Lusa (18 a 21) e no jornal “Público” (19), que exigem a solidariedade de toda a classe, devem ser complementados e prosseguidos por outras iniciativas e por outras lutas em larga escala, afirmando o compromisso solidário dos jornalistas para com todos os seus camaradas que já enfrentam problemas e com o seu próprio futuro, além da solidariedade devida a todos os trabalhadores.

7. Por isso, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas apela desde já a todos os jornalistas, para que, na próxima quinta-feira, dia 18, às 11 horas, se juntem à concentração de trabalhadores da Lusa junto à Presidência do Conselho de Ministros em Lisboa, sem deixarem de deslocar-se ao longo do dia às instalações da Lusa para prestar apoio aos piquetes de greve; e para que, na sexta-feira, dia 19, se juntem aos piquetes de greve da Lusa e do Público, especialmente nas instalações de Lisboa e Porto.

8. A Direcção do SJ apela também aos jornalistas, sindicalizados ou não, para que participem numa reunião geral aberta à classe, a realizar no próximo dia 27, pelas 15 horas, na sede nacional e na Delegação Norte, para discutir a situação actual e sugerir formas de luta, exortando-os desde já a reflectir sobre a necessidade de participação numa greve em todas as empresas do sector, em data a anunciar.

Lisboa, 16 de Outubro de 2012

A Direcção

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