O Sindicato dos Jornalistas lamenta profundamente a morte de Bruno Neves, fotojornalista de Abril que fez parte de vários corpos sindicais do SJ. O funeral realiza-se amanhã, sábado, 28 de janeiro, pelas 10.30 horas, na igreja do Bonfim, no Porto, de onde sairá, por volta das 11, para o cemitério do Prado do Repouso.
Bruno Neves foi, durante anos, a “alma máter” do Sindicato dos Jornalistas no Porto, o gentil “oficial de ligação” à sede de Lisboa; o homem que fazia tudo o que era preciso, a bondade em pessoa que resolvia os problemas e ainda tinha tempo para ajudar.
Quem com ele trabalhou recorda o camarada sempre disposto a ajudar, o portuense que amava e conhecia a cidade e as pessoas; e a apresentava e representava. Enquanto pôde, esteve sempre nas causas jornalísticas, nos encontros do Sindicato ou de algum dos jornais por onde passou. Não saía sem uma máquina fotográfica, por isso muitos de nós tivemos a sorte de lhe ficar na objetiva num desses momentos de convívio e camaradagem essenciais nesta profissão, mas cada vez mais raros.
O homem que começou menino, aos 11 anos, a fotografar a cidade do Porto, as ruas e as pessoas, a pobreza endémica do Portugal de antanho, ganhou “fama” aos 38 anos, quando fotografou a revolução do 25 de Abril no Porto. A foto de Virginia Moura, junto à sede da PIDE/DGS, ao lado do cemitério do Prado do Repouso, é uma das imagens mais icónicas do Bruno e a ilustração perfeita do futuro da revolução: a liberdade que trouxe às pessoas, principalmente às mulheres, que viviam amordaçadas num regime machista e atávico, e o fim dos grilhões enferrujados de 48 anos de ditadura.
Colaborador do jornal “A Capital” em 1974, fez depois carreira profissional nos quadros do extinto “Primeiro de Janeiro”, no Porto. Um dos grandes da fotografia portuguesa, colaborou ainda com jornais como “Norte Desportivo”, “República”, “Diário de Lisboa”, “Expresso”, “O Jornal”, “Sete”, “Diário”, “Norte Popular” e na Agência ANOP. Em 1982 passou a editor fotográfico do jornal desportivo “O Jogo”.
Bruno Neves nasceu a 18-04-1937, no Porto, há quase 86 anos. Sócio desde 6 de janeiro de 1977, há 43 anos, o Bruno começou nas lides de dirigente em 1979, como vice-presidente da Assembleia Geral (AG) do Sindicato dos Jornalistas, na direção de Cáceres Monteiro. Em 1981/82, foi suplente na AG da direção de António dos Santos. Esteve nas duas direções de João Mesquita, na primeira, 88/89, como vogal, e na segunda, 91/92, como secretário da direção. Entre 1993 a 2003 integrou o Conselho Geral do Sindicato.
O Sindicato dos Jornalistas envia sentidas condolências à família de Bruno Neves, um dos nossos melhores. Um jornalista e uma pessoa que vai deixar saudades.
