A administração do jornal Público recusou, nesta quarta-feira, a entrada de membros da Direção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) nas instalações de Lisboa e Porto.
Com o objetivo de ouvir jornalistas sobre as suas condições de trabalho, a Direção do Sindicato dos Jornalistas deslocou-se às redações de Lisboa e Porto. No Porto, os membros da Direção do SJ foram proibidos de entrar, tendo o encontro com os trabalhadores decorrido desde o primeiro momento fora das instalações da empresa. Em Lisboa, quando já decorria a reunião, a diretora de Recursos Humanos interrompeu a reunião com o aviso de que “a empresa não autoriza reuniões do sindicato nas suas instalações”, expulsando os representantes da Direção. O encontro com os jornalistas prosseguiu do lado de fora da empresa.
Tem sido normal a presença da Direção do SJ em redações por todo o país, para recolher o contributo de jornalistas e conhecer as suas preocupações, sem qualquer oposição das administrações de cada publicação. Após combinar a visita às redações com a Comissão de Trabalhadores do Público e os delegados sindicais no órgão, a Direção do SJ deu dela nota, por cortesia, à Administração, que indicou que não a iria permitir.
A Direção do Sindicato dos Jornalistas relembra que a lei é clara e é para cumprir e que a entidade patronal que proíba a realização de reuniões ou o acesso de membro de direção de associação sindical “comete uma contraordenação laboral muito grave” (artigo 461.º, n.º 4 do CT). Tendo informado previamente a Autoridade para as Condições do Trabalho de um possível impedimento ao trabalho sindical, a Direção do SJ vai agora remeter relatório sobre o sucedido.
Numa profissão cujo cerne é a liberdade, esta atitude por parte da Administração do Público é, no mínimo, um embaraço. Dispensar-se-ia a criação de dificuldades à normal comunicação entre trabalhadores e os seus órgãos representativos.