Sindicato apoia António Sampaio

Os termos da contestação de D. Ximenes Belo ao teor de um artigo do jornalista da agência Lusa, António Sampaio, levou o Sindicato dos Jornalistas (SJ) a afirmar que o Prémio Nobel da Paz não pode admitir «a possibilidade de negar a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa». Em comunicado, a direcção do SJ afirma o seu apoio a António Sampaio e relembra o papel dos jornalistas no processo que culminou na independência de Timor-Leste.

SOBRE UM COMUNICADO DE D. XIMENES BELO

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) lamenta profundamente os termos da reacção de D. Ximenes Belo, Bispo de Díli, a um artigo de António Sampaio, correspondente da agência Lusa em Timor-Leste, publicado no passado dia 17 e reproduzido pelo diário “Timor Post” no dia 20.

Em causa está a interpretação que o jornalista faz sobre “A força da Igreja ou o poder de um bispo” – título do artigo. D. Ximenes Belo considera o “artigo cheio de insultos e da (sic) falta de educação. Um artigo contra o Povo timorense e contra os católicos de Díli”. Pelo que, em comunicado público, afirma que “o autor do artigo acima citado deveria ser corrido de Timor”.

Sem se pronunciar sobre o teor do artigo, o que obviamente não lhe compete, embora considere que não há nele “insultos” nem “falta de educação”, o SJ considera-se no dever de salientar o seguinte:

1. Não é aceitável que Dom Carlos Filipe Ximenes Belo, laureado com o Prémio Nobel da Paz e personalidade de prestígio internacional, perante uma diferença de opinião admita a possibilidade de negar a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa.

2. Não é justo que D. Ximenes Belo considere, no comunicado, que “nestes dois anos (desde 1999) a Lusa só prestou um péssimo serviço à Nação Timorense e ao seu Povo”.

3. O SJ relembra que a Comunicação Social e os jornalistas portugueses contribuíram positivamente para o processo que culminou, no dia 20 de Maio, com a independência de Timor-Leste.

4. O SJ reafirma que a liberdade de imprensa e o direito à informação são valores universais essenciais ao desenvolvimento da Democracia em qualquer Nação.

5. O SJ confia que a presença dos jornalistas portugueses em Timor-Leste continuará a ser possível em condições de liberdade imprescindíveis ao exercício da profissão sem quaisquer constrangimentos.

6. O SJ afirma o seu apoio institucional ao jornalista António Sampaio e declara que tudo continuará a fazer para garantir aos jornalistas portugueses, estejam onde estiverem, as condições necessárias ao desempenho da sua profissão com isenção e rigor.

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